O jornalista e sociólogo Laurindo Leal Filho, integrante do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Imprensa, alerta para o comportamento do presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia da Covid-19, insistindo em ignorar a gravidade de uma doença que já fez milhares de vítimas.
O conceito de imunidade de rebanho refere-se ao estado em que a quantidade de pessoas imunes a uma doença transmissível pode desacelerar drasticamente o número de novos infectados. No entanto, o conceito não se aplica à Covid-19 e tem sido utilizado pela indústria da desinformação para justificar as críticas ao distanciamento social.
O pesquisador da UFPE, Ivo Henrique Dantas, explica o conceito e comenta fake news que foram impulsionadas nas redes sociais sobre o assunto.
O conceito de imunidade de rebanho já circula no contexto do novo Coronavírus há algum tempo, mas a divulgação de recentes estudos e também a declaração de cientistas fizeram com que o assunto voltasse aos jornais – e, consequentemente, à indústria da desinformação e fake news. Neste episódio do Coronavírus em Xeque, explicamos o que é Imunidade de Rebanho e por que esse conceito não pode ser aplicado à Covid-19, menos ainda como justificativa para a reabertura do comércio. Também discutimos outras estratégias de desinformação que têm como objetivo criticar as recomendações de distanciamento social.
Neste programa:
– A professora Mariana Guenther (UPE) explica o que é imunidade de rebanho e por que esse conceito não se aplica à Covid-19;
– O pesquisador Ivo Henrique Dantas (UFPE) apresenta algumas fake news relacionadas ao conceito de imunidade de rebanho e outras formas (falsas) de imunização. Também fala sobre os golpes virtuais que surgiram com o aumento da vulnerabilidade social;
– Do Coletivo Bereia, Luciana Peterson esclarece fake news sobre a menor probabilidade de contaminação por assintomáticos, que circularam em sites evangélicos;
– A professora Yvana Fechine (UFPE) analisa a utilização de falsos dilemas como estratégia de desinformação, inclusive propagada pelo presidente Jair Bolsonaro;
– A coordenadora da Rede Análise Covid-19, Mellanie Dutra, esclarece os principais problemas do estudo realizado pela Força Tarefa Henry Ford, que sugere benefícios no uso da cloroquina. O conteúdo foi revisado por Otavio Ranzani;
– O jornalista e sociólogo Laurindo Leal Filho (professor aposentado da USP) comenta a importância de encontrar mecanismos para responsabilizar o presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia;
– O professor Rogério Christofoletti (UFSC) analisa os principais fatores que contribuem para a desinformação durante a pandemia e também comenta o papel da confiança da informação no momento de compartilhar algo nas redes sociais.
Fontes deste episódio:
– A infeliz eterna polêmica da cloroquina (Rede Análise COVID-19)
– Imunidade de rebanho: uma nova hipótese e as críticas a ela (Nexo)
– Bolsonaro será responsabilizado pela comunicação criminosa na pandemia, diz Lalo Leal (Brasil de Fato)
– #Verificamos: é falso que vacinas contra Covid-19 podem criar seres humanos geneticamente modificados (Agência Lupa)
– Cascas de laranja e limão contém ivermectina e cloroquina e curam Covid-19 #Boato (Boatos.org)
– É FAKE que pessoas assintomáticas podem passar anticorpos para outras pessoas e torná-las imunes ao Novo Coronavírus (G1)
– Na pandemia, criminosos usam falsas ofertas e benefícios para aplicar golpes (Agência Lupa)
Recentemente, a Henry Ford Health System publicou um estudo na International Journal of Infectious Diseases, mostrando uma análise retrospectiva em larga escala de 2.541 pacientes hospitalizados entre 10 de março e 2 de maio de 2020 nos seis hospitais do sistema. O estudo constatou que 13% dos tratados apenas com hidroxicloroquina morreram em comparação com 26,4% não tratados com hidroxicloroquina, indicando um possível resultado benéfico do tratamento com hidroxicloroquina para a COVID-19. No entanto, segundo críticas da comunidade acadêmica, o estudo tem pontos críticos. Neste drops, Mellanie Dutra, coordenadora da Rede Análise Covid-19 e integrante do grupo Infovid, explica os principais pontos.
Você confia em todo tipo de informação que vê sobre a Covid-19? Certos conteúdos que são compartilhados durante a pandemia são, em muitas vezes, duvidosos ou falsos.
O professor do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, Rogério Christofoletti (UFSC), reforça a importância de nos informamos bem antes de confiar em certas notícias que circulam pelas redes.
Em mais uma verificação do Coletivo Bereia, em parceria com o Coronavírus em Xeque, Juliana Petersen fala sobre fake news que circularam em relação a transmissão da Covid-19 por assintomáticos, diante da fala de uma cientista da OMS que foi tirada de contexto para justificativa de muitos que são contra o isolamento social.
Imunidade de rebanho é um conceito usado em epidemiologia que significa a quantidade de pessoas que deve estar imunizada para que as pessoas não imunizadas tenham probabilidades bem baixas de contrair determinada doença. Em relação à pandemia do novo Coronavírus, o tema gerou bastante discussão e desinformação nas últimas semanas. Este é o tema da análise da professora Mariana Guenther (UPE).
Para que haja um dilema, é preciso que não exista uma alternativa além das apresentadas. Quando a gente fala em falso dilema é porque, evidentemente, existem outras alternativas possíveis, mas que não são levadas em consideração, seja lá qual for o motivo. Ao longo de toda a pandemia provocada pelo novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro tem usado e abusado dos falsos dilemas nas lives que faz rotineiramente no Facebook. Quando o presidente diz que nós, brasileiros, temos que escolher entre manter as medidas de distanciamento social ou os empregos está nos colocando, por exemplo, diante de um falso dilema. A professora Yvana Fechine (PPGCOM-UFPE) analisa.
O professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Paulista (Unip), Paulo Demuru, faz uma análise sobre como os relatos pessoais sobre o Coronavírus podem levar à desinformação de muitos.
O professor também menciona como exemplo o testemunho de Bolsonaro a respeito do uso da cloroquina como benéfica para o tratamento da Covid-19, apenas por convicções pessoais.
O Brasil é praticamente o único país do mundo que ainda discute a cloroquina como tratamento possível para a Covid-19, já que todos os estudos randomizados (os mais confiáveis) feitos até o momento com a droga mostram que ela não é eficaz e nem segura para combater a doença. Defendida por interesses políticos, a cloroquina volta a ser tema de mais um podcast do Coronavírus em Xeque. Nele, abordamos por que relatos individuais de melhora após o uso da substância não são suficientes para comprovar a sua eficácia, além do forte engajamento de Bolsonaro na defesa do medicamento.