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As maiores vítimas da violência policial no Recife são negras

As maiores vítimas da violência policial no Recife são negras

A violência policial é um assunto que constantemente aparece nos noticiários. Abordagens truculentas, disparos “acidentais”, reações a ações policiais que resultam na morte de inocentes… Esses são alguns casos que apareceram na mídia nos últimos anos e que até já foram “normalizados” por sua recorrência.

Em 2006, PMs agrediram e forçaram 14 adolescentes a entrarem no Rio Capibaribe, resultando na morte de dois deles que não sabiam nadar. Em 2017, durante um protesto pacífico que reivindicava segurança para os moradores de Itambé (PE), o jovem Edvaldo da Silva Alves foi atingido por uma bala de borracha e, após 26 dias, faleceu. Em cenas filmadas pelas testemunhas, os responsáveis pela ferimento que levou ao falecimento do rapaz brincam com a situação e, mesmo após o disparo, continuaram a agredi-lo.

As agressões não ferem apenas quem sofre, mas fere pais e mães que perdem seus filhos, mulheres e homens que perdem seus parceiros, núcleos que são desestabilizados pela falta de preparo da polícia. “Sinto muita saudade do meu filho. Edvaldo não merecia o que fizeram com ele,” disse a dona de casa Sebastiana Santos, mãe do jovem, em uma entrevista ao Jornal do Commercio. Quatro anos depois, o caso segue sem a prisão do comandante da operação, o capitão Ramon Tadeu Silva Cazé, que chegou a ser expulso da Polícia Militar, mas conseguiu ser reintegrado por meio de decisão judicial. Na esfera criminal, o caso ainda aguarda definição. Sebastiana não acredita que o oficial será punido.

Uma análise da nossa parceira Marco Zero Conteúdo a partir do boletim Pele alvo: a cor da violência policial, divulgado em 14 de dezembro, mostrou que, no Recife, o maior número de vítimas da violência policial no estado é de pessoas negras, o que nos remete às pautas raciais que constantemente são diminuídas pela população que não enxerga a importância da luta antirracista.

Em 2020, as mortes por intervenção policial mais que dobraram (53%) em todo o estado. Aumentou também a proporção de negros mortos nessas ações que chega a 97% – das 113 pessoas mortas em ações policiais, 109 eram pessoas negras. No Recife, todos os mortos pela polícia eram negros. Segundo a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, 65 policiais, entre militares e civis, foram expulsos da corporação entre 2019 e 2020 – no entanto, não fica claro se essas exclusões estão diretamente relacionadas a apurações de mortes por intervenção policial.

O estudo, realizado pela Rede Observatórios da Segurança, ainda aponta que a cada quatro horas uma pessoa negra é morta em ações policiais em seis dos sete estados monitorados pela Rede: Bahia, Ceará, Piauí, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Foram 2.653 mortes provocadas pela polícia com informação racial nos seis estados e 82,7% delas são pessoas negras.

Para saber mais, convidamos você a ler o relatório completo.

O Lente FDC é produzido pelo nosso bolsista Vinícius Mendes dos Santos, aluno de jornalismo da UFPE.

 

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