Neste “drops” do Coronavírus em Xeque, o professor do Instituto de Física Gleb Wataghin pesquisador Leandro Tessler (Unicamp) fala sobre como disseminar uma mentira com informações verdadeiras a respeito do novo Coronavírus. O professor usa como exemplo a taxa de óbitos por milhão de habitantes, que pode levar à falsa impressão de que a pandemia não é tão grave aqui no Brasil.
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Comentários: 3
Analise clara e convincente da explosao da epidemia nomomento atual e de como o Brasil, em duas ou três semanas, podera liderar as estatisticas de vitimas da epidemia. A divulgar ao maximo
Professor, quando você compara taxas de crescimento deixa de considerar em que fase da epidemia os países comparados estão. Isso não é um problema?
Eles estão, nos termos da pandemia, mais de 30 dias a nossa frente. Então eu entendo que é normal suas taxas de crescimento estarem menores, considerando um estimado ciclo de 90 dias da epidemia.
Com relação ao nr de óbitos por milhão de hab., por mais que não seja uma medida, creio que a relação é necessária e permite comparar melhor países com alta discrepância no número de habitantes.
Enfim, pode até ser uma maneira imperfeita, mas classificá-la como uma mentira, na minha opinião, não é justo.
Respeitosamente,
Rafael Ayres
Caro Rafael, agradecemos seu comentário! Passamos para o professor Leandro.
Segue a resposta dele:
Muito obrigado pelo comentário. Realmente estamos atrasados entre 2 e 4 semanas em relação aos demais países. O problema é que enquanto a taxa de variação da contaminação nos outros países está tendendo a ficar menor que um, aqui no Brasil ela está estabilizando em 1.5 por semana, o que mantém a pandemia fora de controle. Mesmo se formos otimistas e considerarmos 4 semanas de atraso, nossa tendência não é na direção de controlar a taxa. Infelizmente na fase em que estamos a disseminação de uma epidemia depende da taxa de reprodução individual mais do que da população total. A mentira resulta de divulgar números aparentemente favoráveis quando na verdade a situação é muito crítica. A Alemanha será ultrapassada amanhã ou no máximo depois de amanhã. Os demais países serão ultrapassados em poucas semanas. É fundamental nos mantermos em casa e respeitarmos as recomendações de higiene e especialmente de isolamento físico para tentarmos reduzir as taxas de contaminação.