Balanço de fake news checadas entre 24/03 e 01/04

Com o crescimento da circulação de informações falsas através das plataformas de redes sociais, como Facebook, Twitter e WhatsApp, cresce também o foco dado pelo jornalismo a esses espaços. Além de informar a sociedade acerca dos fatos e acontecimentos que circundam a pandemia do Covid-19, os veículos de comunicação acabam tendo que atuar na checagem dessas informações para alertar o público sobre aquelas que se mostram falsas.

Diante desse processo, agências de checagem, como a Lupa e o Projeto Comprova, que reúne mais de 20 veículos nacionais, passaram a dar uma maior atenção às fake news que prometem soluções fáceis e curas milagrosas para a pandemia.

Assim, o projeto Coronavírus em Xeque passa a realizar balanços semanais das principais notícias falsas analisadas por esses sites no intuito de identificar padrões nos assuntos que geram maior mobilização da indústria das fake news, relacionando com acontecimentos da semana.

Neste primeiro balanço, foram analisadas 39 conteúdos marcados como falsos pela Agência Lupa e pelo Projeto Comprova durante o período de 24 de março a primeiro de abril. Durante o estudo, ficou evidente que, mesmo em tempos de pandemia, a polarização política se mostra como principal tema das fake news que circulam pelas redes.

38% das notícias checadas pelos sites utilizavam o coronavírus apenas como pano de fundo para alimentar a disputa política entre direita e esquerda, bem como uma crescente onda de ataques aos governadores, que têm se posicionado a favor do distanciamento social e de cuidados sobre a recomendação do uso de medicamentos com eficácia ainda não comprovada, como a cloroquina.

Não surpreendentemente, em segundo lugar nos assuntos preferidos das fake news, esteve o distanciamento social, com 33% das fakes analisadas. Chamou atenção ainda a presença de diversos golpes virtuais tendo como pano de fundo o pacote de ajuda econômica a trabalhadores informais e empresas aprovado pelo Congresso Nacional, com sites produzidos para coletar os dados dos usuários através de cadastros não-oficiais.

Ao mesmo tempo, a centralidade da oposição do presidente Jair Bolsonaro em relação às medidas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde fez com que ele fosse citado em 28% dos casos, sendo que em 8% deles o próprio presidente foi responsável pela propagação da notícia falsa através de lives do Facebook ou publicações no Twitter. A defesa de medidas que vão no caminho contrário do que defende a OMS, por exemplo, já fez com que tanto o Twitter como o Facebook apagassem publicações do presidente em suas redes.