Em 2018 a UFPE produziu o documento UFPE Futuro, onde apresenta o papel de destaque da Universidade que pesquisa, frente ao avanço tecnológico – a denominada revolução 4.0 – em relação à sua responsabilidade na produção de conhecimentos e ainda mais, na formação de seres humanos de modo a que sejam capazes de enfrentar esses avanços que de tão rápidos já antecipou para hoje aquilo que seria o futuro.
Há a preocupação em enfrentar a corrida das sempre novas inovações tecnológicas e saber responder com produção de conhecimento na mesma velocidade, mas, o mais difícil é o cuidar da formação dos seres humanos, para que eles, ao tempo em que atualizados com as inovações de todos os tipos e habilitados a lidar com elas, não percam o senso de humanidade e de independência em relação a pensar, a ser consciente, a saber que a humanidade, para persistir evoluindo, precisa se despojar do individualismo e ter a dimensão do outro, a dimensão comunitária tão essencial quanto o ato de respirar.
Três perguntas aparecem aqui como instigando a prospectarmos Paulo Freire e o futuro da formação universitária frente às potencialidades e dificuldades que nos apresentam as preocupações contidas no documento UFPE Futuro ao se preparar para a Revolução 4.0.
A primeira dela, seria como garantir a permanência da Consciência e da Ética, se com a Revolução 4.0 a maioria de tudo que necessitamos quotidianamente parece estar ao alcance de nossas próprias mãos e nos induz a pensarmos que podemos existir apenas conosco mesmos?
Por outro lado, apesar de todas as benesses que as novas tecnologias nos permitem, entre elas a rapidez como nos comunicamos, como compramos um remédio em outro continente que não o nosso, muitas pesquisas vêm demonstrando o adoecimento dos seres humanos em face da dependência tecnológica. Exemplo disso são as pesquisas sobre o uso intenso dos celulares: problemas sociais e de saúde profundos, a probabilidade de ser afetado, inclusive, o desenvolvimento cognitivo das novas gerações se não aprendermos a equalizar as necessidades humanas com as essências do Ser Humano.
Daí a segunda pergunta: como então termos as condições para formar seres humanos com capacidade de iniciativa, cooperação e com criatividade, frente aos riscos inclusive cognitivos que podem existir e como sermos capazes de nos anteciparmos a esses riscos, afastando-os?
Paulo Freire revolucionou a Educação ao propor que os conhecimentos adquiridos, os saberes do dia-a-dia seriam a fundação que apoiaria os novos conhecimentos. Isso se traduz em reconhecimento das conquistas do passado como espécies de raízes, de sustentações contra das dificuldades que possam advir. A frase de Ausubel, em epígrafe é um reconhecimento dessa visão de futuro que está contida na filosofia do nosso grande pensador brasileiro.
Concluímos esse inicio de prospecção com a terceira pergunta: como Paulo Freire nos mostraria onde estão estes nossos esteios? Onde e quais seriam as raízes dos seres humanos que passam a ser responsabilidade da Universidade pública, no momento em que eles a escolhe como lugar de Formação, de Conhecimento? Numa Sociedade desigual e injusta como a que vem se mostrando cada dia mais, encontrar esses esteios é tarefa muito árdua que só mesmo Paulo Freire a nos iluminar.
Vídeo projetado: Paulo Freire: A cegueira das ideologias
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