ARTIGO DE OPINIÃO | A Trajetória de Ariane Mnouchkine no Teatro Japonês
Scarlett Siqueira Do Valle1
AS AVENTURAS DE ARIANE NO TEATRO ORIENTAL
“Viajante, não há caminho, caminhado se faz o caminho”.
Poeta espanhol Antonio Machado
A famosa viagem que Ariane Mnouchkine fez no início de seus estudos teatrais para o Oriente, corresponde a sua forma autônoma de aprendizagem sobre a história e as técnicas de elaboração artística dos teatros antigos, as quais serão essenciais para sua formação como diretora. Mnouchkine descreve a importância dessa experiência na sua vida:
Eu me deixei levar por tudo o que via. Eu era uma espécie de esponja. E hoje fico muito feliz de ter sido assim! Sem saber, quase sem querer, fui juntando um tesouro que ia mudar toda a minha maneira de ver, e de viver. (MNOUCHKINE, 2011, p.54)
O caminho autodidata de Ariane Mnouchkine através de culturas tão complexas e fascinantes foi fundamental para sua formação como preparadora e diretora. Assim que Mnouchkine volta para França, ela funda junto com alguns companheiros de trabalho o Théâtre du Soleil, em 1964, um modelo peculiar de estrutura teatral em formato de trupe. (MNOUCHKINE, 2011, p.30) Desde 1970, o Soleil ocupa a conhecida Cartoucherie, transformada numa comunidade teatral, como descreve Béatrice Picon-Vallin:
Todos sob o mesmo teto. Tudo pode circular. As naves da Cartoucherie permitirão realizar o sonho de fazer tudo por si mesmo com o mais alto grau de excelência. O sonho de uma microssociedade onde cada um aprederá dos outros e para os outros, fazendo com que se cruzem as diferentes disciplinas das artes e das técnicas, e as nacionalidades dialoguem. (PICON-VALLIN, 2017, p.59)
Mesmo nesta atmosfera de contínua ebulição cultural que é o Théâtre du Soleil, o teatro Kabuki e Bunraku se tornaram elementos importantes fundamentais entre as diversas técnicas utilizadas por Ariane Mnouchkine tanto para preparação na construção artísticas de suas peças. Cada espetáculo construído por Mnouchkine é único, como o momento, não há como repetir, porém durante a preparação dos atores há alguns elementos que se repetem, entre eles está a técnica oriental da utilização de máscaras.
TEATRO KABUKI
“O teatro é oriental”.
Antonin Artaud
O teatro Kabuki nasce na época do Japão feudal, no período Era Edo (1603- 1867) sob o domínio do Xôgum Tokugawa Ieyasu que fechou as fronteiras para qualquer estrangeiro com poucas exceções. (MATSUDA, 2016, p.93) Sem guerras internas e externas por meio do crescimento comercial e com o isolamento ordenado pelo Xôgum, as artes nipônicas, nesta época prosperaram.
O Kabuki é o teatro popular japonês feito por pessoas do povo com uma dramaturgia escrita sobre o cotidiano das classes menos favorecidas, às vezes, com um apelo excessivo da sensualidade. A palavra kabuki significa algo como oblíquo, o que implica uma conduta excêntrica. (TIME-LIFE, 2009, p.120)
Com o passar do tempo, o Teatro Kabuki foi cada vez mais ganhando harmonia com toda sociedade japonesa desenvolvendo enredos que retratavam a histórias locais, nesse caminho surgiram dois novos estilos:
Surgem dois novos estilos de atuação no Kabuki: o aragoto e o wagoto. O aragoto (= estilo bruto) era liderado pelo ator Ichikawa Danjuro (1660-1704), em Edo. A técnica é poderosa e agitada, marcada pelo figurino e a maquiagem kumadori e técnicas e atuação como o mie (=ver) e roppo (=seis passos) O wagoto (=estilo suave, gracioso), liderado por Sakata Tôjûrô (1647-1709), em Kamigata, enfatiza o ator romântico, refinado e apaixonado, com características mais realistas e delicadas que o aragoto. (MATSUDA, 2016, p.102)
Estas técnicas descritas acima são utilizadas até nos dias de hoje por atores do teatro Kabuki no mundo e consequentemente incorporadas pela diretora Ariane Mnouchkine no seu trabalho com os atores do Soleil.
BUNRAKU
“Os manipuladores do bunraku são deuses encarnados, O
bunraku é o único teatro de bonecos no mundo, que
utiliza três manipuladores para cada boneco”.
Jean-Louis Barrault
O teatro Bunraku, teatro de bonecos manipuláveis, nasceu junto com o teatro Kabuki na época do Japão feudal. Estudiosos costumam nomear o Bunraku de As três artes do Bunraku (KUSANO, 2018, p.9). São três pois além da manipulação dos bonecos, que podem atingir um metro de altura, o Bunraku possui uma narrativa extensa e bem cuidada, com histórias do universo nipônico e, além disso, o instrumento tradicional japonês chamado shaminen acompanha todo o espetáculo.
Bunraku, como explica Matsuda, é chamado de Ningyô-Joruri e seu significa ‘prazeres literários’. (MATSUDA, 2016, p.127) A dramaturgia, que muitas vezes lembra uma cerimônia religiosa japonesa, é um dos elementos importantes para este tipo de teatro, ainda assim, as três artes devem estar em perfeita harmonia, como esclarece Kusano:
As narrativas tiveram um extraordinário desenvolvimento no Japão, florescendo no século 10 e tornando-se populares no fim do século 12 com os Contos de Heike, que relatam a ascensão militar e queda do clã Heike.
O shamisen, instrumento de três cordas, revestido de pele de gato ou cachorro, deriva do jabisen (de pele de cobra), importado das ilhas Ryûkyû (Okinawa). Ele era melhor que o biwa (alaúde nipônico), para expressar os sentimentos sutis e o pathos, com o seu tom claro, leve e alto.
Bonecos e manipuladores – Os bonecos do bunraku têm em geral metade da altura de um homem e pesam de dez a quinze quilos. (…) São compostos de quatro partes: cabeça, tronco, braços e pernas. As cabeças são feitas de cipreste japonês (hinoki) e as mais simples de paulownia (kiri). (KUSANO, 2018, p.10)
Este teatro de marionete tornou-se popular não só no Japão, mas em todo mundo pelo grau de refinamento na manipulação desses bonecos gigantes feitos de madeira representando muitas vezes um realismo assustador. Para os bonecos principais são necessários três manipuladores vestidos de preto e as outras personagens, apenas um manipulador. É preciso muitos anos de treinamento para que os movimentos do boneco detenham a simetria dos movimentos do manipulador.
No espetáculo Tambores sobre o dique realizado pelo Théâtre du Soleil, para a estruturação da narrativa foram utilizados bonecos de pano e também marionetes humanas inspirados no teatro Kabuki e no Bunraku. Ariane Mnouchkine trabalhou o corpo dos atores marionetes e dos manipuladores até chegar a uma perfeição impressionante.
ELEMENTOS MARCANTES DO TEATRO ORIENTAL UTILIZADOS NA PEÇA “TAMBORES SOBRE O DIQUE”
“Partir juntamente com uma obra é partir para uma aventura”.
Ariane Mnouchkine
Para a construção da peça Tambores sobre o dique, Ariane Mnouchkine utilizou alguns elementos do teatro japonês estudados anteriormente para sua criação artística. Foram selecionadas três técnicas significativas e perceptíveis para análise:
Os Koken (Manipuladores) e as Marionetes humanas – como já foi dito, o Teatro Kabuki e o Bunraku surgiram na mesma época. Existe uma forma antiga do Kabuki muito rara atualmente, como explica Béatrice Picon-Vallin, no qual os atores do Kabuki que tanto admiravam as grandes marionetes do Bunraku, se transformam em marionetes com o seus manipuladores (Koken). (PICON-VALLIN, 2017, p.244)
Para transformar seus atores em notáveis manipuladores chamados por ela de Koken (PICON-VALLIN, 2017, p.360) capazes de manipular com grande sintonia os atores-marionetes, através da técnica do teatro Bunraku, estudado anteriomente, as marionetes são movimentadas em quatro pontos: cabeça, tronco, braços e pernas. Ariane Mnouchkine teve que aprimorar tanto a coragem física quanto a resistência mental de seus atores, conforme seu relato:
Tinham que passar de imobilidade a outra sempre com deslocamentos oblíquos, para dar a impressão de que estavam flutuando sobre a terra, de que estavam voando. Às vezes, eles não aguentavam mais. Mas por isso conseguiam esquecer deles mesmos, e logo ter prazer. Pois se trata de um prazer sublime, mesmo assim! (MNOUCHKINE, 2011, p.179)
Observa-se na peça Tambores sobre o dique realizada pelo Théâtre du Soleil, o trabalho corporal intenso dos atores-marionetes, como descrito por Mnouchkine. Os atores realizam movimentos tão similares aos dos bonecos de madeira do Bunraku, que deixam o espectador em dúvida se são bonecos ou atores. A proeza dos manipuladores é admirável, todos cobertos de preto da cabeça aos pés, mostrando uma habilidade e harmonia com o seu partner, as quais são essenciais para a construção da poética da peça. Como descreve Picon-Vallin:
Enrijecidas pela arte, finas e imóveis, as pequenas mãos das marionetes agitam-se na sua delicada inércia. No mais das vezes são os koken que seguram os acessórios (leques, sombrinhas, espadas, lanternas) e os manipulam. O movimento incessante provém do resto do corpo, de suas zonas articuladas, balançando, ocilando, cambaleando para a direita e para a esquerda, em busca de um equilíbrio sempre perdido e sempre procurado. (PICON-VALLIN, 2017, p.253)
Ariane Mnouchkine trabalha continuamente com marionetes e máscaras orientais como ferramentas de preparação dos seus atores. Mesmo quando os espetáculos não possuem nenhuma menção histórica ao Oriente. Estes elementos ajudam a diretora pela busca ao distanciamento entre o ator e personagem, uma das características marcantes do seu treinamento.
O Benshi – a tradição do narrador e comentador vêm do teatro Kabuki, Bunraku e foi incorporado ao cinema japonês nos anos 30. Nestes espetáculos o narrador-cantor expressa o texto como uma entonação de mantras budistas acompanhado pela melodia que se modifica e dialoga com as emoções da personagem e do texto narrado. Juliana Miyuki Matsuda descreve como eram estes narradores no Bunraku:
A música é cantada, geralmente, por um único tayu (=narrador), que antes de começar a ler o livro, ergue-o na altura da cabeça e se curva em sinal de respeito, é ele quem produz a voz de todos os personagens, e através de sua expressão vocal, facial e corporal é possível compreender melhor a atmosfera e os sentimentos dos personagens. Do seu lado esquerdo senta-se o tocador de shamisen, que juntos transmitem “uma gama de emoções e variações de estados psicológicos.” (…) A narração cantada com acompanhamento se shamisen do bunraku tem função de descrever, situar, apresentar a ação e expressar sentimentos mais profundos e os pensamentos dos personagens. (MATSUDA, 2016, p.136)
Na época do cinema mudo japonês a figura do benshi tornou-se popular por sua performance muito parecida com os narradores do Bunraku. Muitos cineastas japonês como Akira Kurosawa utilizaram desse recursos para enriquecer seus filmes, principalmente, de temática samurai. Estes filmes mudos com narração do benshi eram os preferidos do público japonês naquele tempo. Freda Freiberg descreve esta época:
Ao longo da década de 1930, quatro tipos de filmes coexistiram nos cinemas japoneses:
(i) filmes mudos acompanhados de narração viva de benshi e música ao vivo realizadas no teatro;
(ii) filmes silenciosos com uma “banda de som” de música gravada e efeitos sonoros e legendas intermitentes para transmitir o diálogo;
(iii) filmes sonoros com uma “banda sonora” pós-sincronizada de música gravada, efeitos sonoros e narração;
(iv) talkies completos, com atores que falam diálogo sincronizado, misturados com som gravado e música na trilha sonora.
(FREIBERG,2018, p.2)
É nessa órbita que Ariane Mnouchkine começa a trabalhar com os atores para a elaboração da peça Tambores sobre o Dique, no primeiro momento, como descreve Béatrice Picon-Vallin, a trupe revê toda a obra de Kenji Mizoguchi e Akira Kurosawa. (PICON-VALLIN, 2017, p.251) Mnouchkine ao aprofundar-se neste universo nipônico não poderia deixar de lado, uma das figuras mais populares e importantes que é o benshi na composição do seu espetáculo, como explica PiconVallin:
Assim, as vozes em off do Caravançará e do Louca Esperança respondem à da narradora-diretora dos Tambores/filme, ao mesmo tempo, aliás, que à tradição do benshi, o comentador dos primórdios do cinema japonês, cuja função ainda não se extinguiu em Tóquio. (PICON-VALLIN, 2017, p.259)
A utilização do narrador pode ser apreciada mais nitidamente no filme sobre a peça Tambores sobre o Dique, em algumas cenas os atores aparecem na montagem, narrando as vozes das suas personagens, como faz o benshi. Toda a sonorização do filme-teatro foi criada e incorporada na pós-produção pelos atores e profissionais do Théâtre du Soleil.
As Máscaras das marionetes – de acordo com estudos anteriores sobre o Teatro Bunraku, as cabeças feitas de madeira das marionetes consistiam de uma veracidade que perturbava o espectador japonês com traços fortes que imitavam personagens históricos do período antigo. Esta foi a inspiração dos atores na criação das máscaras utilizadas para a peça Tambores sobre o Dique. Como explica Juliana Miyuki Matsuda:
Inicialmente Erhard Stiefel propôs o uso de máscaras de madeira que imitam as cabeças de marionetes asiáticas, mas posteriormente os atores passaram a criar suas próprias máscaras em meia calça. (…) A máscara final era uma meia calça, usada de base, que os atores colocavam sobre a cabeça. Cortes foram feitos na área dos olhos e da boca, depois, eles a maquiavam fundir a máscara ao rosto, e assim assumir seu aspecto e transparência, como se fosse uma segunda pele. (MATSUDA, 2016, p.209)
Béatrice Picon-Vallin detalha, como os atores confeccionaram estas máscaras maleáveis que imitavam as cabeças das marionetes do Bunraku e deformavam os rostos para diminuir a sua expressividade:
Os finos semblantes são cobertos de máscaras flexíveis, costuradas pelos atores com gazes e nylon enchumaçado de algodão, tingido ou pintado, que os deformam, lhes dão outra forma, os tornam irreconhecíveis. Em Tambores, em que não se trata tanto de coação quanto de conquista, os olhos fundos parecem de madeira ou de pedra. (PICON-VALLIN, 2017, p.259)
A perturbação provocada pela cabeça quase humana dos bonecos do Bunraku é transportada de modo inverso para o rosto dos atores do Soleil. Ariane Mnouchkine manipula os princípios das ferramentas tradicionais dos teatros estudados, para construir em cada espetáculo um mundo diferente.
A DRAMATURGIA ORIENTAL E OS PROBLEMAS UNIVERSAIS
“Meu tesouro é o mundo. Eu não sou nem desinteressada
nem altruísta desejando que ele seja o menos devastado
possível”.
Ariane Mnouchkine
A peça Tambores sobre o Dique escrita por Hélène Cixous, conta a história de uma aldeia, em alguma parte da Ásia, dominada pelo Imperador (Xôgum) Senhor Khang. Por causa das fortes tempestades e da ameaça de uma grande inundação que ocasionaria um desastre de grandes proporções, o administrador da aldeia terá que tomar uma resolução, romper dique norte e destruir a parte financeira ou o dique sul acabando com a cultura do local. Em razão da indecisão dos governantes e a aproximação de uma fatalidade, o povo por intermédio da filha do vidente, Duan, decide comandar um grupo de tocadores de tambores na parte alta do povoado, para avisar a população da eminência de uma tragédia. Béatrice Picon-Vallin conta como foi o insight para criação da peça:
“Se você escrevesse uma peça que tivesse sido escrita pelo poeta HisXhou, uma peça antiga, que foi representada outrora tanto por marionettes quanto por atores, que ora eram mulheres representando todos os papéis, ora homens representando todos os papéis, conforme a peça era apresentada em determinado reino sob determinada lei e determinado interdito?’, eis o que a diretora disse um dia à autora.(…)” (PICON-VALLIN, 2017, p.250)
Ao abordar questões tão sensíveis e atuais da vida de um governante que tem em suas mãos o poder de gerar ou destruir vidas, Hélène Cixous fundamentou a dramaturgia numa metáfora através de uma narrativa baseada na China de cheias catastróficas que também sofre por problemas globais como urbanização, corrupção, ganância e jogo de poder. Ariane Mnouchkine explica o tema da peça:
O tema do espetáculo tinha vindo de inundações recentes porém habituais, na China. Como havia acontecido algumas vezes, o Exército chinês havia destruído os diques para salvar uma cidade, só que o Exército estava lá para reforçar as barragens, não tomaram as precauções necessárias e foram levados pelas águas! (MNOUCHKINE, 2011, p.178)
Este é o fio condutor de toda trama e do qual surge uma pergunta central: Até que ponto um administrador público poderá interferir e até prejudicar a vida de uma população em benefício próprio ou de outras pessoas? Esta é uma questão tão antiga, no entanto tão atual.
CONCLUSÃO
“O mundo inteiro é um jardim de cerejeiras, a terra é um
jardim de cerejeiras, o planeta é um jardim de cerejeiras”.
Ariane Mnouchkine
A construção de um oriente imaginário como um novo modo de fazer teatro é uma das marcas da diretora Ariane Mnouchkine. Na peça Tambores sobre o Dique, os temas do cotidiano são abordados por meio de várias metáforas sutis tanto na narrativa, quanto na estruturação artística das cenas. Esta característica também é utilizada pelo teatro japonês, desde os seus primórdios até o teatro contemporâneo. Como foi indicado neste artigo, através da uma construção artística não realista, com bonecos e manipuladores, musica e fábulas pode-se tratar de assuntos tão importantes e complexos para ser humano.
(…) Vocês conhecem aquela pergunta mágica: “E se nós fossêmos uma trupe japonesa?” Imediatamente isso quer dizer que não seremos mais nós mesmo. E isso é a flor do teatro: a felicidade de não ser mais você, de deixar vir o outro, o desconhecido. “Parece até que é verdade!” Certas frases da infância nos são indispensáveis. (MNOUCHKINE, 2011, p.52)
Utilizando ferramentas como benshi, atores-marionetes e koken, máscaras flexíveis que são elementos do universo teatral japonês, por não estarem no lugar comum, Ariane Mnouchkine consegue causar o estranhamento na percepção do espectador. Cada pessoa que entra na Cartoucherie para assistir uma peça do Soleil embarca numa viagem sem bússola, pois este é o lugar onde tudo é possível, um mundo de imaginações capitaneado por Mnouchkine. Dessa forma, Ariane Mnouchkine não está construindo um teatro Kabuki ou Bunraku também não está utilizando benshi para encobrir uma imperfeição das vozes dos atores, ela simplesmente está compondo sua própria linguagem utilizando técnicas destes e de outros teatros. Este modus operandi de Mnouchkine é o que oferece a liberdade criativa que embeleza, potencializa e torna tão próprio a sua forma de preparar e dirigir.
NOTAS DE RODAPÉ
1Scarlett Siqueira do Valle é pesquisadora associada da Curadoria de Literatura Asiática (CEÁSIA/UFPE), é doutoranda em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) sob orientação de Profa. Dra. Christine Greiner. Mestre em Artes da Cena na Escola Superior de Artes Célia Helena (ESCH-SP). Pós-graduação em Direção Teatral na ESCH-SP. Bolsista Capes. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2193-6591 e-mail: scarlettdovalle@gmail.com
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERAL, Josette. Encontros com Ariane Mnouchkine: erguendo um monumento ao efêmero. São Paulo: Ed. SESC SP, 2010.
FREIBERG, Freda. The transition to sound in Japan. Disponível em https://soma.sbcc.edu/users/davega/NON_ACTIVE_CLASSES/FILMST_113/Films. Acesso: 09 jan 2018.
GRUIA, Ioana. Tambours sur la digue de Hélène Cixous: la marioneta. Disponível em http://www.cervantesvirtual.com/obra/tambours-sur-la-digue-de-helene-cixous—la-marioneta. Acesso: 10 jan 2018.
KUSANO, Darci. Teatro Tradicional Japonês. Disponível em http://fjsp.org.br/site/wp-content/uploads/2013/03/teatro_tradicional_japones.pdf. Acesso: 08 jan 2018.
MATSUDA, Juliana Miyuki. As influências japonesas nos trajes de cena de Ariane Mnouchkine – conceituação, modelagem e construção. Dissertação de Mestrado. ECAUSP, 2016.
MNOUCHKINE, Ariane. A arte do presente / Ariane Mnouchkine: entrevistas com Fabienne Pascaud. Rio de Janeiro: Cobogó, 2011.
OLMOS, Aline de Almeida. O oriente imaginado no Théatre du Soleil: um estudo sobre o espetáculo Tambours sur la digue. Dissertação de Mestrado. Unicamp, 2015.
PICCON-VALLIN, Béatrice. O Théâtre du Soleil: Os Primeiros Cinqüenta Anos. São Paulo: Perspectiva: Edições SESC São Paulo, 2017.
TAMBOURS sur la digue. Direção de Ariane Mnouchkine. Produção: Le Théâtre du Soleil, Bel Air Media, ARTE France, CNDP, ZDF Theaterkanal. Paris: ARTE France Développement. 1 DVD9 (158 min), PAL, Cor, Som. Filme a partir de registro de espetáculo teatral.
TIME-LIFE. Grande civilizações do passado – A Terra dos Samurais e dos Xóguns. São Paulo: Fólio, 2009.
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