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A elevação do nível do mar no Recife debatida no Fórum Internacional Recife Exchange Netherlands (RXN)

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A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), por meio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (Propesqi) e da Diretoria de Relações Internacionais (DRI); os Países Baixos, através da Agência do Patrimônio Cultural; e a ONU Habitat, através do Circuito Urbano 2021, com apoio da Unesco e outros parceiros, promoveram o Fórum Internacional Recife Exchange Netherlands (RXN) de forma remota, de 11 a 15 de outubro/2021, que teve como tema “Águas como patrimônio: visões e estratégias sobre a elevação do nível do mar no Recife e nos Países Baixos”.

Segundo o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, Recife é a capital mais ameaçada do Brasil e a 16ª cidade mais ameaçada do planeta pelas mudanças climáticas com o aumento do nível do mar.

“Precisamos convocar e envolver, de forma mais ampla possível, toda a sociedade brasileira e todos os nossos parceiros internacionais com o objetivo de refletir sobre os diferentes conhecimentos através dos saberes científicos e populares para juntos encontrarmos os caminhos mais pertinentes para não permitir que Recife, a capital mais antiga do Brasil, e tantas outras cidades percam significativas partes do seu patrimônio simplesmente embaixo das águas”, explica o professor Roberto Montezuma, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPE e coordenador geral do evento.

O objetivo do evento foi promover um debate internacional acerca da temática das mudanças climáticas e do consequente aumento do nível do mar nas cidades litorâneas. O conteúdo das discussões envolveu a reflexão e a concepção de soluções inovadoras, que orientarão ações de cunho prático na condução das políticas públicas no campo do urbanismo, da conservação do patrimônio e da sustentabilidade urbana.

“O fato de o Recife ser uma das cidades mais vulneráveis significa também uma oportunidade para acelerarmos todos os mecanismos de mitigação e de adaptação ao aumento do nível do mar”, analisa o vice-reitor Moacyr Araújo. “Além disso, a parceria com a Holanda traz também uma perspectiva cultural, além da possibilidade de aprendizado mútuo sobre os enfrentamentos ao aumento do nível do mar“, completa ele.

 Fonte: ASCOM – UFPE

Trechos da CARTA DO RECIFE DO FUTURO PARA O RECIFE DE 2021 (PT/EN)

“Sou a Cidade do Recife. Meu corpo tem história, repleto de marcas e memórias. Rio, mangue e mar foram os primeiros a me formar. Meu nome revela minha origem nas pedras dos arrecifes de arenito que brotam na soleira da porta do mar, ricas de corais, alguns deles só encontrados por aqui.”

“Nasci aquática, da mistura de águas doces, salgadas e salobras. Sou fruto direto da relação com meus cursos e corpos d’água. Entretanto, com o tempo, essa relação se inverteu e foram me transformando numa cidade de costas para os rios. As minhas águas doces foram esquecidas e se transformaram em espaços residuais. Nesse processo, minha planície encharcada foi aos poucos secando pelos aterros recobertos de edificações. Esquecer das águas que me originaram trouxe grandes consequências.”

“Pode-se dizer que o oceano funciona como um sistema de refrigeração para a região tropical e de aquecimento para a região temperada, e o que faz as trocas térmicas são as correntes oceânicas. O problema passou a existir pela desregulação desse sistema: retivemos mais calor, diminuindo o processo de transferência e, desta forma, sem controlar essa troca, o equilíbrio do sistema interconectado começou a falhar.

Uma particularidade é que estou localizada na região tropical, na borda oeste do Atlântico, num dos pontos chave em que se pode monitorar com mais exatidão o padrão de transporte de transferência de calor da região tropical para os pólos.”

“Eu, Recife anfíbio, sou a cidade dos corpos d’água, célula do planeta terra, planeta água, planeta mãe; reaprendi a viver como sistema, me entender como unidade e parte de um conjunto. Precisei realinhar-me, alinhar-me com outras cidades e, sobretudo, com a natureza, razão da minha existência. Por me constituir essencialmente de águas, reconheço-as como patrimônio. É preciso conservá-las!

Sou um corpo anfíbio e pulsante. Meu futuro depende de cada um de vocês no exercício contínuo do entendimento e respeito às condições do legado que a natureza nos deixou.”

 Fonte: Recife Exchange Netherlands

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