Narrativas da Memória e Restituição de Arquivos Etnográficos


Imapaqmi peliculata ruwasunman (2019, 61’)

Direção: Tomas Saralegui, Luz de la Fuente Bordalecu

Produção: Sthefany Huanca Quispe, Luzmila Quispe Callañaupa

Sinopse: O filme é o resultado do trabalho conjunto da comunidade rural de Yanacona, em Cusco, e que tem a coordenação audiovisual de Tomás Saralegui e Luz de la Fuente Bordalecu, é um belo documentário que surpreende do começo ao fim.Mostra a trajetória de quatro anos de uma família camponesa de Cusco que vive na fronteira entre a paisagem natural e a construção invasora, o cotidiano local e o contato turístico assimilado com humor, a companhia calorosa e a viagem a Lima em busca de trabalho , dinheiro e mais uso de tecnologia digital para aliviar a ausência. “Este é um osso humano, pertence a um turista que não comprou nada”, diz o resoluto protagonista em inglês, como um aviso malicioso, a um grupo de visitantes que se balançam perplexos para fora do quadro.

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O Índio Cor de Rosa Contra a Fera Invisível: A Peleja de Noel Nutels, (2020, 26’)

Direção: Tiago Carvalho,

Edição: Cláudio Tammela

Produção executiva: Maria Flor Brazil

Produção: BANDA Filmes / Fiocruz

Sinopse: Entre as décadas de 40 e 70, o médico sanitarista Noel Nutels percorreu o Brasil tratando da saúde de indígenas, ribeirinhos e sertanejos e filmou muitas de suas expedições em filmes de 16mm. Em 1968 foi convidado a falar sobre a questão indígena à CPI do índio, dias antes do AI5. Imagens inéditas do seu acervo e o único registro de sua voz se unem em “O índio cor de rosa contra a fera invisível”, um documentário com as memórias de arquivos etnográficos.

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O Corte dos Arames – Um filme sobre a luta pela terra do povo Kapinawá (2019, 29’)

Direção: Lara Erendira Andrade e Polly Cavalcanti

Sinopse: O “corte dos arames” é a forma como o povo indígena Kapinawá chama o período de sua história no qual tiveram que resistir às invasões sucessivas ao seu território. Uma época na qual os fazendeiros passavam cercas em suas terras, os Kapinawá iam lá cortavam e queimavam. O filme narra essa luta, através de um acervo de fotografias, pela terra contra grileiros em uma espécie de viagem no tempo. Isto ocorre a partir do encontro com uma série de fotografias, áudios e filmes que eram inéditos para os mesmos até então e retratavam tal período.

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As palavras Encantadas dos Hupd’äh da Amazônia – Mestre de Saberes Narrados por Renato Athias (2020, 52’)

Diretora Mina Rad

Edição: Isabel Castro

Produtora: World Cultural Diversity

Sinopse: “Humanidade é natureza” é o que o Hupd’äh pensam. Na cosmologia desse povo, uma das duzentas e dez etnias do Brasil, não há separação entre a natureza mineral, vegetal, animal e humana. A música e a palavra têm um poder transformador, muitas vezes incompreensível para nós. O filme foi produzido a partir do acervo etnográfico do antropólogo Renato Athias, com textos, filmagens, fotografias e músicas coletadas na década de 1980, atualmente digitalizadas no Arquivo Linguístico dos Povos Indígenas da América Latina (AILLA) da Universidade do Texas. O filme dá voz aos chefes de clãns Hupd’äh: Bihit, Casimiro e Mehtiw (in Memoriam). O filme oferece novas maneiras de refletir sobre a relação entre humanos e não humanos.

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Yaõkwa – imagem e memória

Direção: Vincent Carelli

Produção Vídeo Nas Aldeias

Sinopses: O filme é realizado com arquivos da coleção de registros de enorme importância dentro do patrimônio audiovisual do projeto Vídeo nas Aldeias (VNA) para o povo indígena Enawenê Nawê (MT). Trata-se do registro, realizado ao longo de mais de vinte anos, do Yaõkwa, a mais importante atividade ritual desse povo, hoje em profunda transformação devido à exploração dos recursos hídricos da região, ao agronegócio do entorno, às mudanças climáticas, à facilidade de acesso dos índios aos centros urbanos da região e sua crescente inserção no sistema capitalista, entre outros fatores. Este acervo, embora tenha o Yaõkwa como objeto central, extrapola as atividades rituais e acaba se estendendo por inúmeros aspectos da vida dos Enawenê Nawê, igualmente em transformação, além de guardar a imagem de incontáveis membros da comunidade, muitos deles que já não se encontram mais em vida, agregando um imensurável valor sentimental ao etnográfico e histórico.

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Velas, Bastões e Conchas

Direção: Gabriel Alvarez

Sinopse: Nesta pesquisa trabalhamos a cultura, a tradição mazateca e como ela é performada. Prestamos atenção ao papel dos xamãs e às performances do sistema de cargos. Acompanhamos com especial atenção a dois dos xamãs, mas conhecidos de Huautla, ao longo de um ano. Um deles é a Abuela Julieta, o outro é o professor Alfonso. Enxergamos os xamãs sendo referenciados no espaço público e atuando nos bastidores da política. Em Huautla a política se faz com símbolos tradicionais e entre os mazatecos estes símbolos têm a ver com o xamanismo. Em Huautla o xamanismo é político.