Palestra
Possui doutorado em Filosofia – Universidad Complutense de Madrid (1994). Foi docente na Universidade Complutense de Madrid (Espanha) e é, actualmente, professora associada na Universidade de Évora (Portugal). Directora do Curso de Doutoramento em Filosofia da UÉ (2011-2017). Presidente da Associação Portuguesa de Filosofia Fenomenológica (AFFEN), 2011-2017. Membro da Direcção da Sociedade Iberoamericana de Estudos Heideggerianos (desde 2017) No âmbito da Filosofia, dedica-se especialmente a questões de Ontologia e Hermenêutica fenomenológicas, com incidência nomeadamente na teoria e prática da tradução filosófica, fundamentalmente de textos e pensadores de Filosofia Moderna e Contemporânea. Nesse campo, realizou quer o seu trabalho de Mestrado quer o de Doutoramento, e tem desenvolvido e coordenado vários projectos de investigação, entre os que se encontra o da tradução da Obra de Martin Heidegger para a língua portuguesa (com apoio da FCT e da Fundação Calouste Gulbenkian). Também a sua actividade docente se centra em temáticas conexas com estes interesses (Hermenêutica, Ontologia, Filosofia do Século XX, Filosofia da Técnica, Filosofia e Psicanálise, Fenomenologia e Análise Existencial), quer a nível de graduação quer de pós-grado. A investigação nestas áreas estende-se à problemática da Análise Existencial ou Daseinsanalyse, quer do ponto de vista duma Ontologia e Metaontologia do Cuidado, quer do da fundamentação da via terapêutica dela derivada, no contexto da civilização técnica, e em diálogo com a actualidade da Psicanálise, para lá da sua vertente freudiana.
A fenomenologia como desafio do meu tempo
Não é incomum hoje a expressão “fim da Fenomenologia”, num contexto hermenêutico global em que os seus princípios, método e resultados se desvalorizam ante outras abordagens filosóficas e científicas. Esta crítica leva implícita a questão acerca do seu estatuto no âmbito não meramente filosófico, mas interdisciplinar, paradigmaticamente regido pela cultura tecnocrática globalizada, que imprime o seu selo ideológico na autoconsciência colectiva. Neste quadro, defenderei que a fenomenologia é necessária quer como via filosófica, em linha com a sua tradição, quer como prática de uma atitude crítica no exercício da existência fáctica. Isto é: como um desafio aos saberes, correlativo dos desafios do mundo da vida. Procederei em três momentos: num primeiro, tentarei um desenho da situação hermenêutica, em que tem lugar o ataque à via fenomenológica; no segundo, procurarei mostrar o horizonte de mudança; e, finalmente, abordarei, como desafio, uma das vias dessa mudança em devir a que chamo uma fenomenologia do possível na abertura afectiva.
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