4 de julho de 2022
Autora: Lívia Nascimento
Revisado por Renata Moraes
Armas químicas e biológicas são consideradas, assim como as armas nucleares, armas de destruição em massa. O motivo dessa classificação é o impacto que essas armas causam em qualquer forma de vida tanto a curto quanto a longo prazo. Essas armas normalmente consistem em duas partes, o agente e o mecanismo de disseminação. As armas químicas são produtos com propriedades tóxicas utilizados com o intuito de provocar danos contra indivíduos, enquanto as armas biológicas são organismos causadores de doenças ou toxinas que, ao serem disseminados, são capazes de afetar e matar plantas, animais e seres humanos.
Um dos maiores perigos do uso de armas químicas e biológicas é a imprevisibilidade dos efeitos que elas causam. Quando utilizadas, essas armas são capazes de causar danos extremos e irreversíveis não somente à população civil, mas também ao meio ambiente. Além da gravidade das consequências citadas, a maior parte dos países no mundo não possui um sistema público de saúde capaz de lidar com suas vítimas caso ataques desse tipo ocorram no território – algo que eleva drasticamente o potencial de dano dessas armas. Cenários como esse são, portanto, uma preocupação para toda a comunidade internacional.
A Primeira Guerra Mundial foi marcada pelo uso, em larga escala, de armas biológicas e pelo início do uso moderno de armas químicas que provocaram a morte de quase 100 mil pessoas. As suspeitas de que a Alemanha teria usado armas biológicas para infectar animais dos seus inimigos e espalhar doenças para enfraquecer o exército russo, além do uso de componentes químicos, como gases venenosos, em diversas batalhas, resultou no Protocolo de Genebra de 1925, que proíbe o uso de gases asfixiantes e venenosos e de armas bacteriológicas como arsenal em guerras.
O estabelecimento do Protocolo de Genebra foi um avanço no controle do uso de armas químicas e biológicas, mas não proibiu o desenvolvimento, produção e armazenamento delas: seus defensores justificaram a posse delas como resposta a ataques do mesmo tipo que fossem realizados por países que não haviam ratificado o protocolo. Mesmo com suas deficiências, o Protocolo de Genebra ainda serve de base para tratados como a Convenção de Armas Biológicas e a Convenção de Armas Químicas e organizações internacionais como a UNSGM (Secretary-General’s Mechanism for Investigation of Alleged Use of Chemical and Biological Weapons) e a OPAQ (Organização para a Proibição de Armas Químicas), que têm como objetivo investigar possíveis violações do Protocolo de Genebra e dos tratados derivados dele.
2 momentos na história em que armas químicas e biológicas foram utilizados
- O Agente Laranja na Guerra do Vietnã
O agente laranja, utilizado pelos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, é uma das armas de destruição em massa mais conhecidas. Além das mais de 2 mil mortes que causou durante a guerra e inúmeros casos de contaminação (inclusive em crianças), muitos sofreram ou ainda sofrem de alguma doença devido à exposição ao herbicida: atualmente ainda são encontrados casos de câncer, malformações congênitas, problemas de pele e nos olhos e outros problemas que especialistas suspeitam que tenham relação com o agente laranja.
Nos Estados Unidos, após anos de luta dos soldados americanos que foram expostos ao agente laranja na justiça, as empresas que produziam o herbicida concordaram em pagar uma indenização aos militares. Por outro lado, apesar dos grandes esforços dos vietnamitas afetados pela toxina para que fossem compensados da mesma forma que os veteranos americanos a Suprema Corte dos Estados Unidos negou os pedidos de ação judicial depois que um dos fabricantes do produto declarou que ele não causa danos à saúde a longo prazo, apesar de todos os casos que provam o contrário.
- O uso de armas químicas na Guerra Irã x Iraque
Um dos casos de uso de armas químicas que mais repercutiu no mundo aconteceu na década de 1980 durante a guerra entre Iraque e Irã, que resultou em milhares de mortes em ambos os países. O Iraque, que já tinha um programa avançado de armas químicas, passou a investir ainda mais nele com o começo da guerra contra o Irã em 1980. Há muitas denúncias de que, como resposta aos constantes ataques do Iraque, o Irã também utilizou armas químicas, mas em uma proporção muito menor, pois não tinham os mesmos recursos que os iraquianos.
As consequências do uso de armas químicas durante essa guerra foram observadas tanto a curto quanto a longo prazo. Além do grande número de mortes, o uso dessas armas resultou no desenvolvimento de doenças em centenas de milhares de indivíduos na época e ainda são encontradas doenças relacionadas a esses ataques atualmente.
Após muitas denúncias, feitas, principalmente, pelo Irã, a comunidade internacional decidiu aumentar a rigidez da proibição das armas químicas, criando tratados que visavam o fim da produção de armas químicas e a fiscalização de possíveis violações denunciadas por membros da ONU.
Referencias Bibliográficas: