INALDETE PINHEIRO

Autoria: Flávia Vieira Supervisão: Ana Cláudia Rodrigues e Flávia Vieira

Inaldete Pinheiro de Andrade nasceu em 1946 na cidade de Parnamirim, Rio Grande do Norte. Pesquisadora, escritora, contadora de histórias, profissional de saúde, fundadora do Movimento Negro em Pernambuco e referência no Movimento Feminista em Recife (INALDETE, 2022b) são essas algumas das identidades referidas a Pinheiro. Em sua atuação, carrega a importância das movimentações e articulações criadas e potencializadas por mulheres negras na sociedade” (PROJETO, 2021).

No final da década de 1960 Pinheiro passou a residir na capital pernambucana para cursar a graduação em enfermagem na Universidade Federal de Pernambuco. Em entrevista concedida à equipe do Projeto Enegrecendo Currículos, a pesquisadora nos conta que em sua turma havia seis pessoas negras, um homem e cinco mulheres. E foi uma de suas colegas de turma, Irene (já falecida), que apresentou a Pinheiro, ainda na década de 1970, informações sobre movimentos negros da Universidade de São Paulo. Foi assim que, aos poucos, Pinheiro em parceria com Irene e Sílvio Ferreira começaram a reorganizar o movimento negro no estado de Pernambuco. Ainda durante a entrevista, Inaldete Pinheiro recorda-se bem da única professora negra que teve no curso de graduação, professora Isabel Santos. E nos conta: “quando ela falava, todo mundo parava para ouvir”. Na definição de Pinheiro, “uma pessoa sabida, inteligente, próspera”.

Participando do Movimento Feminista, mais especificamente do Fórum de Mulheres de Pernambuco, Pinheiro integrou grupo voltado a temática da saúde das mulheres se engajando muito a questões voltadas à medicação e controle populacional. Segundo Pinheiro, este grupo começou a se dedicar a essa temática justamente na época do auge da esterilização das mulheres no Brasil e a partir do conhecimento de que as mulheres negras eram as mais atingidas. No começo da década de 1990, Pinheiro realizou mestrado em Serviço Social também pela Universidade Federal de Pernambuco, e em sua dissertação voltou-se a temática da esterilização das mulheres negras, desenvolvendo pesquisa no quilombo Conceição das Crioulas.
Nos anos 2000 Pinheiro fez parte do Grupo de Trabalho sobre Saúde da População Negra da Prefeitura do Recife e da Comissão do Programa de Anemia Falciforme da Secretaria Estadual de Saúde (SANTIAGO, 2013b).

Para além de sua trajetória e contribuição para o campo da saúde da população negra, Inaldete Pinheiro também se dedicou e ainda se dedica fortemente à literatura. Pinheiro realizou diversas ações em prol do fortalecimento da cultura afro-brasileira através de intervenções no campo da educação, com programas de capacitações que desenvolveu em escolas da cidade de Recife e em outros municípios de Pernambuco (INALDETE, 2022a).