FÁTIMA OLIVEIRA

Autoria: Flávia Vieira Supervisão: Ana Cláudia Rodrigues e Flávia Vieira

Fátima Oliveira se definia como médica, escritora e feminista (OLIVEIRA, 2010). Nasceu na cidade de Graça Aranha, estado do Maranhão, em 1953 e nos deixou precocemente, aos 64 anos, no ano de 2017.
“Filha de mãe negra e pai branco” (POMPEU, 2017), Fátima Oliveira revela em uma entrevista concedida em 2005 que assumiu sua negritude apenas quando ingressou no curso de medicina na Universidade Federal do Maranhão. Oliveira registra ainda que em sua turma havia apenas três pessoas negras em uma sala de 60 alunos (POMPEU, 2017).

O nome e a experiência de Fátima Oliveira se tornam obrigatórios quando falamos sobre políticas públicas de saúde e saúde da população negra no Brasil. Oliveira “introduziu os temas da bioética e da engenharia genética nas pautas feministas e anti-racistas” (REDAÇÃO PORTAL GELEDÉS, 2017). “Toda vez que um negro entrar aqui, vocês devem medir a pressão” (POMPEU, 2017). Essa era uma das instruções que a médica Fátima Oliveira transmitia a seus alunos de residência no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Essa instrução não era “à toa”, tinha como base o conhecimento de Fátima acerca da saúde da população negra no Brasil, a prevalência de hipertensão nessa população e, no entanto, a pouca atenção que essa temática recebia nos cursos de medicina (POMPEU, 2017). Uma de suas contribuições fundamentais no campo da saúde pública refere-se a temática da anemia falciforme. Fátima Oliveira integrou o Grupo de Trabalho e esteve a frente da elaboração do Programa Nacional de Anemia Falciforme do Ministério da Saúde (POMPEU, 2017; ARRUDA e SANCHES, 2021). Ao longo de sua vida, Oliveira integrou o Conselho Diretor da Comissão de Cidadania e Reprodução (CCR) e o Conselho Consultivo da Rede de Saúde das Mulheres Latino-Americanas e do Caribe. Foi colunista do Jornal O Tempo (Belo Horizonte, Minas Gerais) e também uma das 52 brasileiras indicadas ao prêmio Nobel da Paz em 2005. Oliveira publicou livros tanto no campo da divulgação científica, como também se aventurou a publicar romances (OLIVEIRA, 2010).
Entre os seus livros de divulgação e popularização da ciência estão:

Engenharia genética: o sétimo dia da criação (Moderna, 1995 – 14ª impressão, atualizada em 2004); >

Bioética: uma face da cidadania (Moderna, 1997 – 8ª impressão atualizada, 2004); Oficinas Mulher Negra e Saúde (Mazza Edições, 1998);

Transgênicos: o direito de saber e a liberdade de escolher (Mazza Edições, 2000);

O estado da arte da Reprodução Humana Assistida em 2002 e Clonagem e manipulação genética humana: mitos, realidade, perspectivas e delírios (CNDM/MJ, 2002);

Saúde da população Negra, Brasil 2001 (OMS-OPS, 2002).

Entre os romances estão:

A hora do Angelus (Mazza Edições, 2005);

Reencontros na travessia: a tradição das carpideiras (Mazza Edições, 2008).

ARRUDA, Nivaldo dos Santos; SANCHES, Mário Antonio. Fátima Oliveira: uma das pioneiras da bioética no Brasil. Revista Iberoamericana de Bioética. n.16 / 01-06 [2021] [ISSN 2529-9573]
DOI:10.14422/rib.i16.y2021.010 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Manual da anemia falciforme para a população / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2007.
MATILDES, Ubiraci. Médica Fátima Oliveira deixou legado de uma saúde pública antirracista. Vermelho – esquerda bem informada. 22 mar. 2021. Disponível em Acesso em: 17 mai. 2023.
MONTOVANI, Kelly. Mortes: médica era ativista da saúde das mulheres. Folha de São Paulo. São Paulo.13 nov. 2017. Disponível em: Acesso em 17 mai. 2023.
OLIVEIRA, Fátima. A anemia falciforme revela o legado de nossos ancestrais. Jornal O tempo. Bele Horizonte. 06 out. 2009. Disponível em Acesso em: 17 mai. 2023.
OLIVEIRA, Fátima. Por uma Bioética não sexista, Anti-racista e Libertária. In: Revista Estudos Feministas. n.2. ano 3. 1995. Disponível em: Acesso em: 17 mai. 2023.
OLIVEIRA, Fátima. Quem sou eu. Tá lubrinando - escritos da Chapada do Arapari. Belo Horizonte. Out. 2010. Disponível em: Acesso em 17 mai. 2023. POMPEU, Fernanda. Fátima Oliveira dos 1000 legados. Portal Geledés. 07 nov. 2017. Disponível em: Acesso em: 15 mai. 2023.
REDAÇÃO PORTAL GELEDÉS. Uma nova estrela no Orun. Portal Geledés. 06 nov. 2017. Disponível em: Acesso em 17 mai. 2023.