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Nos últimos trinta (30) dias, além das comunidades de pescadores e pescadoras artesanais, passamos a conversar com comerciantes e atravessadores de pescados, no intuito de saber se houve (ou não) mudanças na venda de seus produtos, devido aos impactos gerados pelos vazamentos de óleo que atingiram o litoral de Pernambuco. No que concerne ao comércio dos pescados, resolvemos, nesse primeiro momento (do dia 24 de outubro a 3 de novembro de 2019), escolher localidades que não foram atingidas diretamente pela chegada do óleo, mas que, justamente por isso, são capazes de revelar o encadeamento das graves consequências que passaram a atingir o setor pesqueiro artesanal em nosso estado, inclusive na venda dos frutos do mar (peixes, camarão, marisco, sururu, ostra, caranguejo, etc.) desde setembro de 2019 e que se agravou de outubro passado até a presente data, como tem sido anunciado pela imprensa (Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio, TV’s Clube, Globo e Tribuna), os movimentos sociais da pesca artesanal e as próprias comunidades pesqueiras. Assim, ouvimos, em caráter exploratório, dois (2) atravessadores de pescados da praia de Carne de Vaca, que compram parte ou o total da produção capturada por alguns pescadores e marisqueiras do Povoado São Lourenço e de Carne de Vaca (comunidades pesqueiras situadas no município de Goiana, litoral norte de Pernambuco) para revender seus produtos (caranguejos, mariscos e os peixes tainha e espada) no centro da cidade de Goiana e nas feiras públicas dos bairros de Peixinhos, em Olinda, e de Água Fria, em Recife. Ademais, dialogamos com comerciantes que trabalham no tradicional Mercado da Encruzilhada em Recife (foram três-3) e na Travessa Dantas Barreto (cinco-5-pessoas) em Olinda. Além disso, entrevistamos dois (2) pescadores e duas (2) marisqueiras que moram e trabalham em Goiana, para saber, a partir deles, se estava ocorrendo impactos (negativos ou não) na venda dos seus pescados. Isto é, quatorze (14) pessoas chegaram a ser ouvidas no total (dois atravessadores, oito comerciantes, dois pescadores e duas marisqueiras). Então, a observação direta, as entrevistas (registradas por meio do recurso audiovisual) e alguns colóquios (anotações dessas conversas) compuseram as estratégias de campo utilizadas para fundamentar este texto (os dados primários que colhemos). O que apresentamos aqui, portanto, é um escrito preliminar sobre um tema que necessita ser mais aprofundado, inclusive a partir do alargamento do número de entrevistados(as). Este deverá incluir, em futuro próximo, comunidades que foram, também, diretamente atingidas pelos aludidos vazamentos. A ideia foi saber quais os impactos gerados pela chegada do derramamento do petróleo no litoral pernambucano na venda dos pescados.

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O presente texto realiza um breve balanço dos possíveis impactos dos derramamentos de óleo ocorridos no litoral de Pernambuco nos últimos 50 dias, principalmente na vida das comunidades pesqueiras artesanais. Por conta dos acontecimentos que ainda estão em curso, este escrito possui um caráter preliminar e provisório, podendo, assim (e como será), receber novos acréscimos em futuro próximo. Embora reconhecendo isso, uma coisa já é certa: o que não mudará é o efeito nocivo ao trabalho pesqueiro artesanal produzido pelos vazamentos de óleo, seja no trabalho dos pescadores, seja no das pescadoras, seja na natureza. Cabe destacar que o escrito apóia-se em dados secundários (Ministério da Aquicultura e Pesca-MPA; CEPENE-ICMbio, IBAMA, Instituto Oceanário-UFRPE), pesquisas da Fundaj, UFRPE e em estudos, de caráter etnográfico e comparativo e também quantitativo, que realizamos ao longo do litoral pernambucano nos últimos anos e nessas últimas semanas pela UFPE.

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O marisco é o nome popular dado para o bivalve Anomalocardia flexuosa, que corresponde a um importante recurso faunístico extraído por populações humanas locais, com ampla distribuição em todo o Nordeste brasileiro. O presente artigo tem como objetivo realizar uma análise da morfometria e biomassa do marisco-pedra coletados na APA da Barra do Rio Mamanguape, no estado da Paraíba. As coletas foram realizadas entre os meses de junho e julho de 2016. Foram escolhidos dois pontos de coleta (croas/bancos areno-lodosos), com diferentes níveis de exploração, no estuário do rio Mamanguape para realização das comparações: (i) Unidade Mamanguape e (ii) Unidade Controle. Os mariscos foram submetidos a análises morfométricas, sendo o comprimento da concha (CC), largura da concha (LC) e altura da concha (AC), assim como dados de biomassa. Utilizou-se a análise de correlação e regressão linear para os dados referentes à biometria e biomassa dos mariscos. A Unidade Mamanguape, caracterizada por apresentar elevada taxa de catação, apresentou valores morfométricos e de biomassa semelhantes aos encontrado na Unidade Controle. Na análise de regressão entre o peso seco (PS) e a largura (LC), a Unidade Controle apresentou forte relação, demonstrando que os indivíduos maiores apresentam alto rendimento da carne. Dessa forma, conclui-se que a atividade de mariscagem pode não afetar diretamente na redução do tamanho médio dos mariscos da área.

 

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As relações homem-natureza vêm passando por mudanças que acompanham o próprio desenvolvimento da sociedade, principalmente as de cunho econômico, onde as formas de utilização são configuradas pela situação da economia mundial e local. O objetivo do presente artigo é identificar os limites do desenvolvimento sustentável (DS) a partir da relação homem-natureza. A forma como os recursos naturais são utilizados pelas sociedades passaram por diversas configurações, sendo atualmente uma forma utilitarista, inflada a partir do capitalismo que está interligado nas ações econômicas. Como forma de possibilitar o desenvolvimento econômico com a sustentabilidade, surge o DS com uma nova perspectiva, mas diversas falhas devido a complexidade da proposta. Dessa forma, tem-se a necessidade de estudar e reformular o conceito de DS, aplicando suas ações a uma relação harmônica entre o homem e a natureza.

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Com essa temática da pesquisa espera-se alcançar uma melhor compreensão da distribuição
territorial com base nos direitos culturais das comunidades residentes da Reserva Extrativista
(RESEX) de Acaú-Goiana, no nordeste brasileiro, caracterizando a área nas abordagens históricogeográfico e cultural. Além de entender a visão que os próprios residentes das comunidades
apresentam sobre espaço, território e uso dos recursos naturais. Esses atributos irão contribuir
para desenvolver uma ideia que busque melhorar o compartilhamento das áreas da RESEX, em
que a própria comunidade seja atuante na construção dessas ideias. Tentando dessa forma,
amenizar os conflitos socioambientais existentes na área.

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A catação do marisco-pedra Anomalocardia flexuosa L. é essencial para as comunidades tradicionais, que vivem em regiões litorâneas e dependem dessa atividade. O estudo objetivou investigar a microbiota endógena de A. flexuosa associada à morfometria da concha. Foram realizadas coletas no estuário do Rio Paraíba do Norte, nos meses de setembro e outubro de 2017, em quatro croas, com níveis diferentes de poluição. Os mariscos foram coletados manualmente e a água do rio foi coletada com o auxílio de garrafa plástica. A morfometria do marisco-pedra foi feita com o auxílio de paquímetro e a inoculação para o crescimento dos micro-organismos utilizou os meios de cultivo: Ágar Sabouraud (SAB) e Malte, para fungos, e Agar Tryptic soy (TSA) e Mueller Hinton (MH), para bactérias. Foram encontradas conchas com tamanho variando entre 14,14 mm e 21,5 mm e 33 morfotipos da microbiota endógena, sendo 14 de bactérias e 19 de fungos. Os indivíduos da croa Cidade, por estarem mais próximas da zona urbana, recebem maior carga de poluição, refletindo no tamanho médio das conchas das populações de A. flexuosa. As croas mais conservadas e distantes do centro urbano (Portinho, Marisco e Lombo da Vara) mostraram uma maior riqueza de bactérias endógenas, enquanto os fungos não apresentaram diferença estatística significativa associadas ao tamanho médio maior da concha. Medidas mitigatórias são necessárias para o melhor rendimento da atividade de catação de marisco, tendo como pressuposto a minimização da poluição hídrica, advinda dos centros urbanos e o manejo adequado da mariscagem.

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Depois de cerca de 100 dias do vazamento de petróleo ter atingido o litoral do Nordeste do Brasil, este texto almeja responder as seguintes questões para o caso de Pernambuco: 1. Como estão as comunidades pesqueiras artesanais de Pernambuco após a chegada desses vazamentos? 2. Quais as repercussões no trabalho e no modo de vida dos pescadores e pescadoras artesanais? 3. E como ficou o comércio dos peixes, moluscos e crustáceos? 4. Houve diferenças, no grau de impacto socioeconômico, entre os grupos de pescadoras e pescadores artesanais que habitam e trabalham em locais que foram atingidos diretamente pela chegada do petróleo e aqueles que não foram? Buscamos responder tais indagações através de 64 entrevistas feitas, de 24 de outubro a 23 de novembro de 2019, em localidades não atingidas (49% dos colóquios) pelos derramamentos de petróleo (Carne de Vaca-em Goiana-, Itapissuma, Olinda e Recife) e aquelas atingidas (51%) em Pernambuco (Cabo de Santo Agostinho, Itamaracá, Rio Formoso, Sirinhaém, Tamandaré e São José da Coroa Grande). Deste universo frisado ouvimos 24 pescadoras e 23 pescadores artesanais, 6 atravessadores, 10 peixarias e 1 artesão de barcos, onde as porcentagens reproduziram as que foram anunciadas anteriormente, com exceção a do artesão (mora e trabalha na comunidade Baldo do Rio em Goiana). No geral, este escrito é a continuação de outros dois textos que produzimos recentemente, tendo com foco as comunidades pesqueiras e os impactos da chegada do petróleo no litoral de Pernambuco (Ramalho, 2019a; 2019b).

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