[Metaverso da Saúde] Por dentro da série “Dahmer Um Canibal Americano”

Centro Acadêmico de Vitória - UFPE

[Metaverso da Saúde] Por dentro da série “Dahmer Um Canibal Americano”

[Metaverso da Saúde] Por dentro da série "Dahmer Um Canibal Americano"

No episódio de hoje, Alana, Matheus e Ana Darla vão falar um pouco sobre uma das séries que deu o que falar na Netflix, a série ” Dahmer: Um Canibal Americano” e qual a sua relação com o racismo e transtornos mentais.

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     Bom, e aí, galera? Somos o metaverso da saúde, que é um podcast aqui do contêiner saúde, um projeto de extensão da Universidade Federal de Pernambuco, no centro acadêmico de Vitória, o nosso CAV e é coordenado pelo professor Luiz Picelli. Meu nome é Mateus e hoje a gente vai falar um pouquinho, juntamente com minhas amigas aqui vamos falar um pouquinho sobre a série que está fazendo a maior sucesso na Netflix, que é Dahmer um canibal americano e fazer um link de como uma população negra era marginalizada naquela época.

     Oi, gente. Meu nome é Alana e queria convidar vocês a ficarem ligados até o final do podcast para descobrir informações e curiosidades incríveis que eu tenho quase certeza que vocês não sabem.

     E aí, galera, meu nome é Ana, e sejam bem-vindos a mais um episódio aqui com a gente.

     E também só falando, galera, que é importante dizer que esse episódio vai trazer muitos gatilhos mentais de diversos assuntos. Então escute já sabendo disso ou não escute também se for um tema muito sensível para você.

     Para todo mundo que está escutando entender bem, a gente vai dar uma contextualizada sobre a série. Vai ter uns spoilers no meio. Então, quem não assistiu ainda pode pular essa parte inicial. A série Dahmer um canibal americano vai ser original da Netflix e foi lançada, se não me engano, em setembro de 2022, e vai contar a história de Jeff Turner um serial killer e vai mostrar de forma detalhada o que teria incentivado, ou melhor, a descrição de seus assassinatos.

     Então, sobre isso tem uma polêmica, porque os parentes das vítimas e até mesmo o repórter que acompanha a investigação na época, ele vai relatar de algumas cenas que foram acrescentadas, como da vizinha Glenda Cleveland. Ela fala que o apartamento não possui cheiro de carne estragada, como é contado na série. Mas um cheiro forte de química, na verdade, um. Algum componente químico que ele usava.

     É verdade. Alguns familiares até chegaram a reclamar porque a Netflix não contou para nenhum dos parentes que a série seria lançada. Eles meio que descobriram junto com a população.

     Assim, apesar de todas as críticas, posso dizer que eu curti a série é opinião minha, Matheus. Ela também não foi bem recebida, apesar de tudo, dessas críticas que as pessoas que passaram por isso falaram e tal. Mas ela realmente mostra ela retrata. É algumas coisas que aconteciam naquela época, por exemplo, a série faz uma crítica social muito forte. Mostrando como ele se salvou só por ser branco, basicamente bonitinho, mas é isso.

     E é legal relatar que, apesar das pessoas que foram vítimas não terem gostado. A população recebeu bem a série e tem muita gente que é fã.

     Eu super concordo com o Matheus. Eu acho que esses pontos são importantes e falando sobre isso, é o que a gente vai abordar hoje.

     Exatamente. E também não só essa série Dahmer um canibal americano, mas tem também existe uma minissérie em 3 capítulos, se você quiser ter uma opinião, você quiser saber mais da história, como aconteceu. Você assiste ela também é bem boa e realmente traz pessoas daquela época que passaram por isso. Conheceram o Jeff, enfim, está disponível no Netflix também.

     E contextualizando um pouco sobre como já tinha falado sobre as críticas sociais e racismo. Enfim, é nessa mesma época que se passa a série que aconteceu realmente porque a série é baseada em fatos reais. Tinha um jogador de basquete que, para muitos, era considerado até o maior jogador de basquete de todos os tempos, que é carinha do jabá e ele era bastante e ainda é na verdade, a NBA tem até um prêmio, que é o prêmio carimbo do jabá para esses jogadores que são engajados nessas críticas sociais e ele já falava sobre isso. Ele jogava no meu OC bux, que é um time da cidade de Milwaukee, a cidade de Jeffrey Dahmer. Se converteu ao islamismo. Era um o maior prospecto da liga. Assim, a pessoa que mais poderia evoluir e mesmo assim ele escolheu sair da cidade para Los Angeles, porque ele não tinha um aparato legal, cultural e nem  religioso porque ele tinha até outro nome que era Lil Alcinder e ele mudou esse nome e não foi bem recebido, até pela própria família, principalmente em Milwaukee. Então ele queria sair de lá para ir para outra cidade para poder viver legal e sem tanto racismo, porque ele falava que ele sofria racismo e racismo estrutural.

     E voltando um pouco para a série, falando sobre a história do canibal de Milwaukee. Só foi possível graças ao racismo também a homofobia da polícia norte-americana, porque ele percebeu que era persuasivo e conseguia fugir de qualquer suspeita, relatando que era uma homossexual e tinha problemas com os pais. Então não levando nenhum questionamento a respeito da índole que ele tinha. Apesar de ser branco e loiro.

     Inclusive, no quinto episódio, fica bem claro isso quando uma das vítimas fala que foi drogada e, apesar de Jeff já ter ficha criminal, a vítima é quase ignorada pela polícia. Até chegaram a ir na casa dele, mas nem sequer cogitaram a possibilidade de um cara branco poder ser um assassino.

Algumas pessoas falaram que deu sorte numa janela da história em que pessoas com HIV estavam sumindo. Pois a mortalidade dessas pessoas no estado de Wisconsin foi multiplicada por dez vezes. Então as pessoas de fato não sabiam se essas pessoas já estavam estigmatizadas por conta da sexualidade e tinham ido embora justamente por isso, ou se eles tinham morrido de verdade.

É, e essa série traz bastante essa questão desse racismo que acontecia nos Estados Unidos. Porque, como foi falado e deu pra entender que Jeff ele se mudou estrategicamente, um dos policiais até fala  na  série para esse bairro de pessoas negras, porque elas não recebiam assistência que deviam. Elas não eram levadas a  sério, então mostra assim  uma coisa muito caricata, isso de a vizinha falar, que  mais 200 vezes ligou e ela não era levada a  sério, e simplesmente a polícia chegava depois de muito tempo que ligava. Teve uma cena até que eles poderiam ter salvado a vida de uma criança que foi vítima da por por Jeff e eles não não fizeram. Eles basicamente levaram a criança novamente para casa dele e acabou que a criança não teve um bom fim.

Uma coisa curiosa é que no primeiro julgamento dele, o juiz chega a diminuir a pena dele. E deixa mais leve justamente por conta da aparência que ele tinha, tipo, simplesmente porque o juiz fala que ele era parecido com o neto dele, é uma coisa bizarra.

E a gente  tem que ver que existe  meio que um padrão nas vítimas deles, as suas vítimas vítimas eram esquecidas por serem um sub grupo da sociedade, eram homens, negros, gays, mexicanos, asiaticos. Mesmo a própria comunidade sentindo falta deles e buscando, e o próprio Jeff tendo alguns antecedentes que levaram as suspeitas, nada era feito pela polícia.

É, inclusive, ele já tinha histórico com abuso sexual de menor. Que inclusive é da mesma família dessa criança que eu falei que foi vítima , o moleque tinha uns 14 anos. Ele e o irmão foram vítimas de Jeff, e pra você ver como é imagina a dor daquela família, como é que foi. É uma história assim, bastante complicada.

E durante o desenvolvimento da série, inclusive o pai, ele recebe várias ligações do povo criticando, mandando ele voltar para o país dele e era da polícia, fazendo meio que um trote.

Poxa, é verdade, mas outra diferença interessante também. Pontual que a gente tem que falar aqui é o que seria o serial  killer e o  psicopata, e se todo serial killer ele é um psicopata, porque basicamente em uma pessoa que comete um crime por 3 vezes, vamos supor um número de 3 vezes onde ela tem um padrão. Ela é determinada como psicopata pela polícia. Essa é a definição, mas não de uma forma psiquiátrica. Já, claro que a probabilidade dele ser um psicopata é muito maior comparado do que com outras pessoas que não cometeram. Esses mesmos crimes, mas cometer crimes vem envolver fatores que abrangem muito mais do que isso, que são sociais, culturais e pessoais também de cada indivíduo. A gente vê esse serial killer que é denominado como o canibal americano, ele tinha motivos pessoais que fizeram ele vir a cometer esse número de vítimas e ele vem falando na série de uma forma fictícia, claro, é claro, porque a gente nunca vai saber o que é que levou exatamente. Ele faz isso, mas na série, relata muito dos fatos que levaram ele a cometer esse número de vítimas.

Exatamente, se a gente for pensar nos aspectos de um psicopata, os achados neurológicos mais frequentes são ondas lentas nos lóbulos temporais. Mas, em geral, a psicopatia em si, pode ser entendida como um conjunto de traços de personalidade relacionados à ausência de remorso. Abaixo, empatia, a impulsividade, a busca por estimulação, além de uma maior dominância social, cuja expressão pode se dar a partir da capacidade de manipular outros indivíduos.

E outra característica que é bem interessante e falar  dos psicopatas é que eles diminui enquanto a identificação de dessas emoções expressas pela fala, pela face, que quando é comparado com outras pessoas que não são psicopatas, que é o caso de Jeff,  ele não era psicopata, e a  quando a gente estava até conversando, eu disse que ele era um psicopata e foi  Allana que disse que ele não era. Aí só quando a gente foi procurar e dava para  ver que realmente não era, ele expressava sentimentos e psicopata não tem.

Só lembrando que tipo assim, não teve um acompanhamento psiquiátrico na época, ele não fechou um diagnóstico, mas as pessoas atualmente que assistem não declaram que ele é psicopata. A gente não sabe de certeza que a gente não é nenhum profissional dessa área, mas basicamente existem outros diagnósticos, não são esses.

É, a gente tá falando é com base no que a gente encontra.

O que é uma característica intrigante, na verdade, aqui no Brasil a gente tem uma psiquiatra que ela é muito boa. O nome dela é Ana Beatriz. Ela dá muito de achados e motivos do que você pode diagnosticar de uma maneira assim, através de padrões, do que seria psicopata.E durante A Entrevista no podcast, ela cita que alguns dos níveis de psicopata dentro da população geral é de cerca de 25%, então é um pouco  alto a gente vê que a gente tem muitas pessoas que tendem a ser psicopatas, estão ali convivendo no meio social, com todo mundo, e a gente não sabe. E entre os graus, o mais leve, tá o estelionatário que ele não chega a matar e nem a causar nenhum dano físico, mas ele chega a destruir seus sonhos, o seu emocional, através do golpe que ele vem a aplicar. Um exemplo bem claro disso foi o golpista do Tinder, que ficou muito conhecido. Ele abusava de mulheres através de extorsão e na Espanha tem esses chamados, que são os camaleões sociais, porque ele se apresenta, ele se fantasia exatamente da forma que ele quer para  você, do jeito que você quer uma pessoa, ele vai aparecer para você. E a mente do psicopata, ele é de uma inteligência, ele consegue ler você, como se você fosse um papel com alguma coisa escrita, é incrível. Ele só não tem uma inteligência assim, emocional, isso ele não consegue distinguir em você porque o psicopata ele não sente. Ele não o ama e ele não tem empatia.

  Falou do grau leve, era legal, se alguém pudesse dar meio que um aprofundado e falado sobre os outros graus, alguém podia.

É a questão dos graus, é o grau moderado. Ele entende mais como o mandante da ação . É o tipo de psicopatia que ele basicamente  premedita tudo, mas não quer sujar a mão,  porque  na cabeça dele, ele não vai ter culpa daquilo se ele não sujar a mão e o grave, ele mata para ter diversão e ele gosta daquilo, quer fazer aquilo, porque vai querer julgar você até o momento da sua morte, então funciona como se na cabeça dele funciona dessa forma. como se ele fosse Deus ou algum juiz de alguma coisa, e que aquele julgamento que ele está dando, você merece.

Se a gente for falar agora e pensar sobre a assistência de enfermagem, a gente pode abordar sobre 2 pontos, o inicial seria como tratar aquela pessoa que ela tem um transtorno psicológico, mas também é necessário entender como a gente, como profissional de saúde, a gente consegue lidar e evitar que ocorra racismo numa área de hospitalar, por exemplo. Falando um pouquinho sobre assistência de enfermagem, num caso desse como de Dahmer, que a gente tem que excluir e meio que desprender o paciente dos seus crimes, e aí, por exemplo, o diagnóstico de Dahmer foi Psicose, transtorno de borderline e transtorno de personalidade esquizotípica. e é basicamente isso. Apesar desses transtornos, quando eu for atender, eu não posso pensar nossa ele matou cerca não sei quantos adolescentes eu tenho que estar ali tratando ele como um ano, com uma promessa que eu fiz pra saúde.

Lembrando que esses transtornos, eles podem variar de acordo com o estado que o paciente esteja. Na  verdade, ele vai se apresentar, porque numa escala de classificação ou risco de suicídio, a conduta vai desde a escuta de qualidade, investigação de possibilidade de apoio que você tem até um encaminhamento para cuidados psiquiátricos e hospitalização desse paciente.

Lembrando que é um negócio que a gente tem que entender é que não somos profissionais para diagnosticar, mas cabe a gente estar em contato direto com o paciente e a gente vê as necessidades dele tentar suprir.

É exatamente e também puxando para o racismo, porque já é diferente de uma pessoa que cometeu um crime e realmente você tem que ser imparcial, independentemente do que ele tenha feito. Você é profissional e  tem que excluir tudo isso no seu julgamento, ao prestar assistência. Mas aí quando a pessoa é negra, é preta, enfim ou  qualquer outra etnia. Você tem que deixar isso de lado também e tem que prestar essa assistência para ela, porque ela é uma pessoa, ela não tem nenhum crime e também precisa ter um cuidado com as palavras que a gente usa para não cometer racismo. Falando dessa parte de racismo.

Eu acho que a questão não é nem só esquecer a tipo negligenciar a cor, mas eu acho que é exatamente o contrário. Como equipe de saúde, a gente tem que estar pronto a entender as dificuldades e é onde o contexto social que o paciente está inserido. Momento nenhum cabe a gente diagnosticar se ele cometeu o crime ou não e a cor também não vai dizer isso. Mas cabe à enfermagem entender o contexto e procurar fazer a melhor assistência em base isso.

É assim, às vezes a gente tem que entender as especificidades de cada população também. Então a gente tem que compreender esse indivíduo também, como ele faz parte daquele grupo em que ele se insere.

É, a gente tem que lembrar uma coisa fundamental, que é quando você escolhe essa profissão, que é a profissão de enfermagem. Você entra ciente que no final do curso você vai fazer um Juramento e ali você está se comprometendo. Se está acima  da sua cultura, das suas crenças e  preceitos pessoais e tudo mais. Você tem que saber que é a sua profissão. Você está ali para servir. Você vai lidar com o amor de alguém. Uma pessoa muito importante pra outra pessoa e tem que manter o respeito.

Então é isso, galera. A gente chegou naquela parte que todo mundo estava esperando aquela parte do nosso QEA  questions é não sei o que que Gabi botou e é inglês, mas a gente vai fazer perguntas e respostas agora sobre a série ou  sobre aquilo que a gente tratou durante o episódio. A primeira pergunta, eu vou fazer a  Alana, que é o transtorno dele pode ter influenciado naquele comportamento que ele tinha de guardar partes das vítimas?

Eu acho que nem só o transtorno em si, mas o motivo da maioria dos transtornos deles serem gerados na infância, ele sofre muito com abandono. Ele tem um abandono primeiro do seu pai. Depois ele tem um abandono da sua mãe, do seu irmão, então ele cria aquela sensação de que todo mundo que está ao redor dele vai sair e vai abandonar ele. E de certo ponto, é também o transtorno de borderline vai fazer com que ele tenha uma abrupta mudança de comportamento para um estado mais estressado e tudo isso aí fica bem claro na hora que ele está matando, a gente vê que ele meio que tem um ódio muito grande, não pela vítima em si, mas é como se ele tivesse um ódio por ele mesmo na hora e até essa questão dele guardar parte das vítimas, seria meio que uma forma de manter a vítima uma parcela da vítima junto com ele. Depois de morto, eles não podem abandonar ele. Eles vão estar  fazendo parte do corpo dele, porque ele comia as vítimas ou alguns ossos, eles até guardava e é claro que a gente não consegue dizer isso com certeza, até porque a gente não é profissional dessa área, mas pelo que a gente pode entender sobre a série, é basicamente isso. E aí eu queria voltar com a pergunta pra minha amiga Darla, que é como o racismo pode influenciar na prestação de serviço da enfermagem?

Bem, a gente sabe que o racismo é uma coisa que não deixou de ser atual no Brasil. A gente vem de um país que, durante um, muitos e muitos anos, milhares de anos, veio escravizando pessoas pretas.  Não é uma coisa desatualizada, infelizmente você tem que parar para pensar que profissionais eles não podem estar distinguindo escolhendo o paciente porque ela tem uma cor diferente da outra ação. São coisas que, na verdade, não deveriam existir na sociedade, mas Infelizmente existem. Mas como a gente já contextualizou e falou aqui, o profissional de enfermagem, ele não está ali para escolher você por um estereótipo físico ou racial ou sucesso sexual. Qualquer coisa, do tipo que venha a ser. Ele está ali para prestar o serviço dele. Ele está ali para ser totalmente imparcial. Não está se envolvendo com valores, talvez pessoas que ele não deveria ter, ou influência do meio.  Ele está ali para ser profissional. Agora a gente vai direcionar uma outra pergunta para o nosso amigo Mateus, como que a gente pode dissociar o paciente dos seus crimes para prestar cuidados de enfermagem?

Foi como a gente já falou até antes. Só que o questionamento é, trago de novo a tona. Porque não tem uma receita de bolo para você fazer isso. É como a gente tava conversando no off te  vira é basicamente é isso. Independentemente do crime que ele cometeu, independentemente do que ele fez, independentemente do que ele tenha feito como ele, pense tudo.A gente não vai poder levar esse julgamento, a gente não vai levar isso para assistência a gente não, não vai poder, porque se a gente for com esse preconceito na cabeça. A gente vai acabar que a gente não vai prestar um bom, uma boa assistência. A gente não vai fazer um bom atendimento. Porque fica muito difícil você levar isso pro pessoal. Então você tem que ser o mais imparcial possível, mesmo que seja difícil e a gente que está lidando com o público, a gente sabe o quanto isso é difícil. De você tentar não estereotipar ninguém, você tentar, porque realmente a gente vem já com a bagagem de preconceito já de muito tempo. Mas é basicamente isso, é você tentar ser imparcial. É, e eu jogo de novo. Outra pergunta para Allana: Quais outras questões sociais essa série e a história de Jeffrey Dahmer trazem à tona depois de tanto tempo? E assim, como é que elas conseguem fazer uma coisa que era de tanto tempo atrás, vi agora e ainda são atuais?

Eu acho essa pergunta bem interessante. Ela, inclusive, vai ser aberta para todo mundo responder, porque eu acho legal que todo mundo que assistiu a série consegue pontuar várias coisas que são relatadas que são bastante atuais, uma coisa que a gente consegue ver é a negligência. Quando a gente fala sobre a questão de segurança,  a polícia várias vezes, ela negligencia e ela é totalmente racista. Durante a descrição da série, como outras coisas que deixa claro que na polícia não tinha uma organização ou um bom cuidado com a população, principalmente as sub populações ou subgrupos. Mas fora isso, a gente consegue abordar vários outros temas que são atuais, inclusive pessoas homofóbicas acontecem na série ou até a questão de relacionar que até esse lado, que as pessoas, elas têm uma memória muito curta, elas esquecem as coisas muito rápido. Após a morte. O julgamento de Jeff meio que as pessoas ignoram as mortes ou acabam até endeusando ele, como se ele fosse alguma coisa boa, pelos crimes que eles cometeram.

Uma característica interessante que a gente vê na série é que uma das vítimas dele consegue fugir da casa dele. E encontra ali policiais, e começa a relatar que sofreu uma tentativa de homicídio e os policiais não acreditam nele. Não acreditam justamente pelas características que ele tinha, que era a raça por ser preto ou  eles acreditarem que ele estava inventando essa história, não levam ele a sério e até o momento eles iam até a casa de Jeff. Atrás de uma camisa que ele tinha deixado lá, o rapaz alegou que deixou a roupa na casa dele. E é justamente nesse momento onde eles encontram tudo aquilo que ele tinha guardado dentro de casa. Parte das vítimas e tudo mais e descobrem que o rapaz estava falando a verdade. Então você vê como a polícia poderia ter levado esse caso mais a sério e justamente não levou, tratou como se fosse a mais uma coisa isolada.

E assim é bem interessante, porque outro vítima que tenta denunciar o policial totalmente, a gente consegue ver claramente que ele estava meio que marginalizando a cor dele, porque ele fala assim, não é porque você comete um crime que você vai cometer outro, você mesmo pode saber disso e, tipo, o cara não tinha ficha criminal nenhuma, só pela cor da pele, só por ele ser negro. Ele seria um criminoso.

E na questão de  Jeff, ele tinha crime. Todas as vezes que a polícia foi lá não checaram, antecedentes criminais dele e a ficha criminal, enfim.Ele saiu se safando sempre e no documentário, inclusive, eles trazem que não tentando justificar o que o que a polícia  fez, porque também não tem. Não é justificável mais, ok. Mas eles falam que naquela época, a polícia estava sendo ensinadas entre aspas, não sei, direcionada para não ter preconceito com a população gay, então, às vezes  até mostra na série que ele pega e diz, não é ele é meu namorado, não, a gente é gay, não é coisa de gay aí. A polícia achando que está respeitando.  Ele vai e não investiga que tá errado.

Isso é bem irônico, porque quando ele sai de lá, ele fala tipo assim, eita, agora vou ter que tomar um banho para tirar meus piolhos. Como se os homossexuais, eles transmitissem alguma doença, está ligado.

 Exatamente. Mas assim, a coisa foi trazida pelo documentário de pessoas que conviveram, que estudam sobre isso, e estavam a par da cena. Era exatamente isso. Eu peguei, fiquei pensando, meu irmão não é assim que funciona, independentemente dele ser gay ou não, não é dele ser branco ou não, de tudo. A partir do momento que tem essa denúncia, eles deveriam ter ter investigado, porque se ele fosse negro. Eles não teriam também investigado. A partir dessas denúncias, eles iam lá.

Além do número de desaparecidos, já havia um número grande naquele tempo de registradas, principalmente com as características das pessoas que o canibal americano vinha assassinando e não foi levado em conta isso também.

É naquela época, também, lá em meio ao que eles tinham, é a comunidade gay. Eles tinham um costume que era aí para as saunas romanas que eram o nome que falava. E Jeff acabou que  foi proibido de frequentar alguma  dessas algumas dessas saunas, porque ele estava indo drogar os caras lá. Então, já é um cara que você devia, pô, esse cara está vindo para cá para drogar os outros. Então a gente deveria ligar esse alerta e não foi ligado, exatamente, as coisas passavam despercebidas.

E se a gente for comentar tudo que a gente gosta de falar sobre essa série. A gente não vai acabar nunca, então a gente termina por aqui, gente. Beijão. Até o próximo episódio.

É isso aí, galera. E lembrando também que essas perguntas do QEA serão enviadas por vocês, então mandem lá na no comentei no Instagram. Mandem para gente que algum dia a sua pergunta pode ser lida por nós aqui.Tchau, tchau.

É isso aí, gente. Tchau, escutem bastante nosso podcast.

Episódio: Por dentro da série “Dahmer: Um Canibal Americano”
Apresentação: Alana Reinaux, Ana Darla e Matheus.                              Coordenação: Luiz Miguel Picelli Sanches

5/5

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