[Metaverso da Saúde] Charles Cullen: o Anjo da Morte
[Metaverso da Saúde] Charles Cullen: o Anjo da Morte
No episódio de hoje Ana Darla, Karol e Vivianne conversam um pouco sobre a história de Charles Cullen, um enfermeiro que gerou bastante polêmicas pelos hospitais que passou, tendo sue nome ligado à várias mortes, mas algumas não puderam ser comprovadas, uma enfermeira que estava suspeitando acabou seguindo seus rastros e acabou descobrindo como ele agia.

Oi, galera, sejam bem-vindos a mais um episódio do podcast metaverso da saúde, um podcast aqui do contêiner saúde, que é um projeto vinculado ao centro acadêmico de Vitória da Universidade Federal de Pernambuco. Idealizado e orientado pelo professor Luís Pichelli.
Eu sou Viviane, estarei aqui com vocês hoje para conversar sobre mais um tema.
E aí, galera, eu sou Carol, também vou conversar aqui um pouquinho com vocês.
E aí, galera, meu nome é Ana Darla.
Então, galera, o assunto de hoje a gente vai falar sobre um dos seriais killers mais famosos de Nova Jersey. Que vem ganhando uma notoriedade, bem recente, com um filme lançado agora pela Netflix, “O enfermeiro da noite”. Ele é Interpretado por um ator bem famoso, ele é ótimo, é o Eddie Redmayne. Se eu não me engano, o nome dele que se pronuncia assim, eu não sei muito bem. O filme foi inspirado no livro que traduzindo é o bom enfermeiro, uma história real de medicina, loucura e assassinato, não tem tradução no Brasil, no momento. Mas ele foi escrito em 2013, pelo jornalista americano Charles Graeber.
Sim, é dele mesmo que vocês estão falando. É o Charles Cullen, e ele não é vampiro só para vocês saberem. Crepúsculo, oi? Ele é condenado à prisão perpétua pela morte exatamente de 29 pacientes. E isso só foi estimado porque, pelo que as pessoas pensam e acreditam de acordo com as investigações, tiveram possivelmente centenas de vítimas. Essa obra foi lançada no dia 26 de outubro, na plataforma da Netflix e logo após o sucesso da série Dahmer: Um canibal americano. Falamos sobre isso no nosso podcast, caso vocês não tenham escutado esse episódio ainda, a gente recomenda muito, porque está muito interessante.
Charles Cullen nasceu em 22/02/1960, em West Orange, em Nova Jersey. Ele é o caçula de uma família muito religiosa, com 8 filhos ao total. Começou a lidar com a morte desde muito cedo porque seu pai morreu quando ele tinha só 7 meses de idade. Então depois disso, acabou ficando um pouco traumatizado, com outras coisas também da vida dele. E a primeira vez que ele tentou suicídio foi aos 9 anos por envenenamento com produtos químicos que ele ingeriu em uma loja. E depois disso, ele também tentou algumas outras vezes ao longo de sua vida. Estima-se que tenha sido em torno de 20 tentativas falhas de suicídio. Durante algumas entrevistas, ele definiu sua infância como infância infeliz. Por volta dos 17 anos a sua mãe também faleceu decorrente de um acidente de carro. Ela estava com a irmã dele. E ele descreveu essa morte como devastadora, e ficou revoltado com hospital, porque na época, eles demorarão a notificar o falecimento da sua mãe e cremaram o corpo. E o Charles não queria isso. Ele queria que devolvesse o corpo à família intacto. Então, no ano seguinte, ingressou na marinha e a partir daí, começou a apresentar instabilidade mental. E muitas vezes tentando acabar com a própria vida. Após alguns anos, ele ingressou e se formou no curso de enfermagem e começou a atuar na área. Fez sua primeira vítima, o juiz John Young, que ele estava internado por conta de uma reação alérgica e o modus operandi dele era sempre o mesmo, uma overdose de substâncias químicas e as mais utilizadas eram a insulina e a digoxina. Carol vai falar um pouco aqui para gente agora.
E então para quem não é da área eu vou explicar essas substâncias. A insulina é um hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue após consumir algum alimento, no caso de diabéticos é que possuem deficiência desse hormônio. O profissional vai prescrever a reposição. Só que o Charles ele utilizava e de uma maneira tóxica, porque em altas quantidades no sangue, a insulina, pode causar uma queda muito brusca de glicose, que seria chamado de hipoglicemia e a falta de glicose no sangue para realizar atividades básicas de manutenção da vida vai causar efeitos adversos tipo, tremores, fraqueza, desmaio, coma e até a morte. E já a digoxina, que ele usou, também é um medicamento indicado para insuficiência cardíaca, e ele também trata certas arritmias, e na sua alta dosagem, pode causar um efeito adverso e tóxico, fazendo com que o paciente tenha complicações cardiovasculares e resultando na morte.
Uma coisa, interessante, que você percebe quando assiste ao filme. É que o Charlie parece ser uma pessoa solitária às vezes, e ele cita a esposa e a filha. E eu até cheguei a me perguntar, poxa, será que esse cara ele tem uma família ou ele só joga esse papo todo de pai de família, porque ele quer se aproximar ali da Amy? Porque ela era uma mulher muito apegada, as filha. E ele vê isso como uma oportunidade de sondar, se aproximar, tentar ter um vínculo. Como ele era órfão, ele via nela uma forma de suprir essa falta, meio que de uma família. E quando eu fui pesquisar mais a fundo, descobri que ele chegou a se casar um ano antes de começar esses assassinatos, e se divorciou seis anos depois, perdendo a guarda das suas filhas. A ex mulher dele chegou a relatar que ele era um cara de crueldade severa. Na verdade, ele se exaltava muito nas coisas, nas palavras e tinha o hábito também de torturar os animais de estimação que a família tinha em casa. Ele agia de uma forma muito sombria. Uma vez ela informou que acordou, numa madrugada, com o barulho dele torturando o cachorro da família dentro do porão, então imagina você acordar no meio da noite e o cara com quem você tem um casamento está lá no porão, agredindo o seu cachorro. Querendo ou não, o cachorro fazia parte da família. Sim, um membro da família. Isso já mostra uma insanidade, uma incapacidade dele de ter empatia até com os próprios animais de estimação da casa.
Tem mais um detalhe sobre a ex-mulher dele que ela também pediu uma ordem de restrição que alegava a violência doméstica. Também teve várias perseguições que ele fez a uma colega de trabalho que chegou ao ponto de invadir a casa dela, quando ela estava dormindo com o filho. Isso foi pouco tempo após a separação da esposa. O caso também foi para a justiça e recebeu só uma ordem de internação de alguns meses, por questões psicológicas.
E lembrando gente que na época ele já era enfermeiro e atuava. Vocês acham que ele parou de trabalhar na área após ter alta? Após todas essas questões? Não, olha que absurdo, uma falha realmente do sistema da época que a gente vai comentar mais um pouquinho também com vocês, porque apesar do crime não ter sido no hospital, já dava para notar que esse cara não tinha sanidade mental para lidar com vidas, lidar com outras pessoas, ainda mais em situação de vulnerabilidade, como são os pacientes de um hospital.
E é importante também a gente lembrar que não temos o diagnóstico dele fechado, então ele só tem diagnosticado o quadro de depressão. Sabemos que ele era um serial killer que é uma denominação, vinda do pessoal que trabalha na polícia. Como ele seria um criminoso que fez várias vítimas que seguiam um padrão e várias pessoas vindo a óbito por conta dele, então muito é falado na internet sobre isso. Se é um psicopata ou sociopata vindo da parte do Charlie. Agora, alguns especialistas afirmam que ele tem traços de narcisismo na personalidade dele.
É verdade, Darla, eu vou até acrescentar uma informação. Um dos muitos especialistas que estudam o caso é o antropólogo Gribel, e ele afirma que a vitimização é constante no caso dele. Sabe o Charles sempre se vê como uma vítima, como se tivesse direito de atacar as pessoas como uma forma de justificar tudo o que ele sofreu ao longo da sua vida. Desde a infância, como eu falei para vocês, que ele relatou que foi muito infeliz. Mas o Charles, diz em algumas entrevistas que se arrependeu do que fez. Isso não condiz com o comportamento de um psicopata. Se ele se arrepende mesmo ou está apenas tentando manipular o pessoal, a gente não sabe.
Isso lembra aquela música de Rihanna, não sei se vocês conhecem, take a bow, que fala que o cara só se diz arrependido porque ele foi pego
E esse filme não é narrado pelo ponto de vista do Charles, só para lembrar, mas sim da sua colega de trabalho, que era enfermeira a Amy e isso só mostra como é muito mais profundo na visão das pessoas e como elas viam ele, e não ele relatando e se colocando, no papel de uma pessoa que talvez pudesse se mostrar inocente ou uma vítima do sistema. Inicialmente, o filme relata pouco sobre o histórico de Charles antes de ser empregado, no hospital de onde ele atuou em Nova Jersey, então ele conhece a Amy e eles se tornam parceiros de plantão noturno na UTI. Quando ele salva a vida da Amy, ajudando a esconder o problema de cardiomiopatia dos superiores dela no hospital, os dois acabam se tornando ali grandes amigos, confidentes e parceiros de um segredo. Em uma das cenas Amy está tendo um ataque e Charles, rouba um medicamento para ajudar ela e após ingerir, ela comenta com ele sobre ter se arriscado em uma provável punição por fazer isso. E assim a gente tem cenas mais importantes da trama, porque ele conta para ela sobre a falha no sistema que permite que ele acesse os medicamentos e não fique registrado. Então Vivian, explica para gente um pouquinho sobre esse sistema e como o Charles ele conseguiu burlar a ponto de conseguir medicamentos e não ser pego porque isso é uma coisa muito restrita em um Hospital.
Sim, no caso dos Estados Unidos, esse sistema de dispensação de medicamentos é todo tecnológico, então funciona mais ou menos assim, quando o enfermeiro, seja o Charles ou qualquer outro, precisava pegar um medicamento para administrar. Ele precisava acessar um sistema eletrônico nos computadores e cada pessoa tinha o seu código. Cada enfermeiro tem o seu código diferente para acessar e também a isso era restrito a cada paciente. Se eu sou enfermeira do paciente A não iria conseguir, por exemplo, pegar medicamentos para o paciente C. Após fazer o login do código profissional, solicitava o medicamento que queria ir para qual o paciente seria destinado e uma gaveta se abriria e você conseguia pegar o medicamento que você queria. Só que desse jeito, tudo ficava bonitinho, registrado, seguro, evitando o roubo ou algum erro de medicações, certo? Não gente, errado. O cara era muito esperto e descobriu que se ele entrasse no sistema com o código, escolhesse o medicamento, mas ele cancelasse logo em seguida, não ficava registrado que ele pegou, até porque ele cancelou. Só que o sistema tinha esse atraso, digamos assim, que mesmo assim a gaveta se abria. Então assim ele conseguia pegar o medicamento da mesma forma e desse jeito passava despercebido e ele conseguia pegar a insulina e a digoxina.
E ele era muito cuidadoso, algumas pessoas começaram a desconfiar dele porque sempre morria muita gente. Depois que ele chegou no hospital e alguns depois do plantão dele. O bicho era um pé frio, só que é nos Estados Unidos, então nenhum hospital iria querer se comprometer. Eles só passavam pano para ele e ficava tudo certo, tudo tranquilo e ignoravam totalmente a situação. Quando começou a ficar uma situação insustentável o hospital só demitia o Charles e ponto nem notificaram os outros hospitais, e era tudo às escondidas mesmo. Daí ele conseguiu um emprego em outro hospital e continuava seus crimes facilmente.
E só lembrando de um detalhe, esses pacientes estavam na UTI, então já estava numa situação grave, bem doentes, então o hospital dava um jeito da causa da morte de outra maneira.
É, e ninguém iria questionar muito ele, até porque causaria um alvoroço muito grande. Imagina centenas de famílias questionando, e duvidando da causa, da morte de um familiar.
Exatamente, continuando vocês citaram os crimes, vou falar de alguns principais. O primeiro, foi o caso do juiz, que foi internado por reação alérgica. Além desse juiz, no mesmo hospital, ele chegou a matar mais algumas dezenas de pessoas, no total de mortes da vida dele estima-se que foram em torno de 400 pessoas. No entanto, casos que ele confessou mesmo e foi realmente foi condenado, foram só digamos assim, só entre aspas, tá? Em comparação com os 400 só 29. Depois da sua primeira vítima, ele matou mais 11 pessoas nesse mesmo hospital, como estava dizendo no segundo hospital, ele confessou a morte de 3 idosas com digoxina. No terceiro emprego, ele confessou mais 5 assassinatos em apenas 9 meses. E daí ele continuou, assim por 16 anos, gente em hospitais de Nova Jersey e também da Pensilvânia e sempre que ele percebia que alguém estava desconfiando, ele já dizia assim, opa, vou procurar emprego em outro local, como nos Estados Unidos eles têm uma alta demanda e uma baixa quantidade de funcionários para suprir ele conseguiu emprego tranquilamente. E foi seguindo assim até ele ser pego.
Então, galera, é isso. Eu gostei bastante desse filme, porque ele aborda diversas coisas. E um ponto que me chamou a atenção é o sistema de saúde dos Estados Unidos. Porque a saúde de lá não é um direito, como é aqui no Brasil, prescrito pela Constituição de 1988. Mas sim, é só mais um serviço prestado, que é bem caro e para vocês terem noção, um dia de internação custa em torno de 10.000 USD. Claro que isso vai variar muito a cada caso. É, mas vamos pensar assim, uma situação hipotética, um paciente com um problema gastrointestinal. O profissional indica 3 dias de internação e isso vai custar mais ou 30.000 dólares. É um dinheirinho, não é? Se a gente não tiver um pezinho de meia, se lasca e convertendo para o real. Isso daria mais ou 150.000 BRL, ou seja, vem da sua casa para ficar internado. Outro exemplo aqui no Brasil é quando você passa mal e é socorrido por uma linda ambulância e muita gente não dá valor. Nos Estados Unidos, esse serviço custa milhares de dólares, então a galera prefere pedir um táxi ou um Uber para ir ao hospital. Agora, penso em quantas pessoas já devem ter falecido nesses trajetos. Sendo que uma ambulância, com socorristas fazem os primeiros socorros no local e possuem os equipamentos adequados para atender o paciente e a galera que vai assim não tem nada, é só a sorte mesmo.
Exatamente. Como Carol até disse, a galera não dá valor aqui no Brasil. Então, até pensei na reflexão, porque entender o contexto desse sistema dos Estados Unidos e comparar ao SUS é muito necessário. E atualmente a gente está vivendo numa época de muita desinformação, fake news, negacionismo e ataques. Até ao próprio SUS. Então eu acho que todos nós concordamos que o SUS. Não é perfeito? Mas é um sistema extremamente necessário. E são tantos casos, de pessoas se endividando por questões hospitalares. Como Carol brincou. Vendo a sua casa, mas chega ao ponto disso mesmo, vender casa, vender automóvel e então a galera prefere se colocar em situação de risco, porque realmente tem caso que é gravíssimo e tem caso que não, e se eu continuar em casa eu me recupero. Mas você pode se recuperar, você pode piorar, falecer, enfim. Não sei muito bem também sobre a questão da atenção básica, se isso existe na realidade deles. Só que a prevenção também é essencial. Como estamos refletindo a saúde de lá como Carol falou, um serviço, um comércio, então a prevenção prejudica de certa forma esse comércio. Então enquanto aqui a gente estimula a prevenção, lá realmente é só a questão da medicação, do pós-doença, então a doença lá é sinônimo de lucro. O lucro acima da vida.
Ainda tem gente que diz que é só pagar o plano de saúde. Gente, vamos ser sinceros? O plano, ele não vai cobrir tudo. A gente sabe que a pessoa paga o plano e quando chega lá no hospital, se precisar de algum procedimento mais extenso, mais detalhado, com mais exames, vai ter que pagar mais. Se precisar de fazer uma cirurgia, vai ter que pagar mais. Então você tem um plano, mas ali você não tem acesso. A todos os tipos de tratamentos do mundo, é tipo inviável. E o paciente ou a família ainda tem que pagar mais de 20%. Fora isso, quando ele vai se consultar. Isso quando o plano não recusa o serviço, porque ele pode muito bem chegar para a família e dizer, olha, o plano, não cobre tudo, então você vai ter que pagar e não tem uma lei que impeça que diga que o plano, ele vai ter que arcar com isso, entendeu? Então, como uma tentativa de amenizar esse problema, o governo criou alguns programas, como o Obamacare. Que é um sistema de saúde semi público que foi criado pelo ex-presidente Barack Obama, e funcionava de uma forma que assegurava a todos que tivessem um seguro saúde mediante subsídio. E com o governo Trump e fez umas modificações no programa, tirando a obrigatoriedade para todos.
Já não era perfeito, aí vem o cara e piora tudo. E é tão grave essa situação que se a gente trouxer novamente para o filme a própria Ammy não tinha seguro de vida, então pensa comigo, uma pessoa formada no ensino superior e com emprego estável, então assim, tudo bem que a gente vê no filme que ela não ganhava tão bem, a gente deduz. Que ela não ganhava tão bem devido à sua situação ali de vida. Tem até uns pedaços do filme que a filha dela compara à porque minha amiguinha tem esses, isso, aquilo e além dela já se sente culpada por ela não ter tanto tempo assim e passar muito tempo trabalhando, não dá tanta atenção às filhas, ainda veio isso de que ainda não, não é o suficiente financeiramente, então a gente já percebe que tudo bem, ela não ganha tão bem. Só que mesmo assim, gente, ela tem um emprego estável, tem acesso ao ensino superior, etc. E se ela não consegue um plano de saúde, quem dirá aquela parcela mais pobre da população.
E, por que a gente está falando sobre isso? Porque, ao tratar a saúde como uma coisa de mercado, um serviço. Os hospitais, eles tiveram uma parcela de responsabilidade nas mortes que o Charles causou. Então, no filme, eles retratam bem o quanto os hospitais escondiam os casos das famílias e das vítimas e também dos investigadores, e estima-se que pelo menos 5 deles suspeitaram do comportamento do serial killer, mas optaram por. Não se envolver. A fim de não prejudicar a imagem do local. Então, é uma cultura do silêncio mesmo lá, aí fica complicado.
E não só os pacientes sofrem o outro drama é a doença da Ammy, que nem foi uma invenção do diretor do filme, no caso, a Ammy realmente existiu e sofria de cardiomiopatia. Que é uma inflamação no músculo do coração, e isso faz com que ele tenha algumas funções cardíacas ali prejudicadas. E segundo a própria, ela tinha conseguido um dos melhores empregos em 15 anos de atuação na enfermagem e por isso que ela tinha tanto medo assim e escondia dos superiores com medo da demissão, porque se ela tinha emprego estável e era o melhor que ela tinha conseguido para conseguir outro, imagina ficar desempregada por um problema de saúde.
Agora a gente é importante esclarecer umas coisinhas, o filme é uma obra de ficção, então, como toda ficção, ele acrescenta, aumentando algumas coisinhas na história. No caso da Ammy ela não precisava de um transplante, como o filme traz, porque a doença dela não estava num estágio tão avançado. O indicado para ela na vida real, foi só a aplicação de um marca-passo por meio cirúrgico, só que se a gente for comparar, é bem mais simples que um transplante porque não tem aquela questão de arrumar um doador viável, às questões fisiológicas, risco de rejeição do órgão, entre outras coisas que a gente sabe.
Agora vamos de alerta. Após o sucesso do filme, que passou um tempão em alta, e a gente viu uma grande onda de posts, comentários, vídeos e até podcast com este que estamos gravando, mas o que preocupa muito, na verdade, não só a mim, mas também as outras meninas. Quando a gente estava conversando, era uma parte da galera que também começou a romantizar esse personagem. Quando a gente vê alguns filmes, documentários e séries sobre criminosos, tem uma grande parte da galera que começa a romantizar os criminosos. Então, mostram uma grande quantidade de cartas de amor que essas pessoas recebem dentro dos presídios. Sem contar as cartas de fãs. Esse povo consegue ter fã.
Esse povo começa ser fã de um assassino. A que ponto a sociedade chega essa paixão por criminosos parece que virou uma febre, eles descobriram que agora, nesse momento que eles vivem em sociedade com a gente, mas é, vivem sim. E essa paixão por criminosos é estudada e tem até um nome de hibristofilia, ela desafia a razão dessas pessoas, pessoas carentes, como se vissem uma segurança nesses caras, uma certa proteção. É uma coisa estranha? Bastante, mas não é como uma Fiona que viu isso no Shrek, mas enfim.
E dando continuidade, eu fiquei bem espantada, porque esses dias estava rolando o feed do instagram, até comentei com as meninas e vou contar aqui também tem uma galera fazendo boneco. Eu não sei exatamente o material daquilo, se é um crochê, biscuit, não sou muito chegado nessas coisas, para entender não. Só que estava fazendo boneco do Charles e também do Dahmer, aquele carinha o Jeff só chamo ele de Jeff, para os íntimos, já gravamos, o episódio já está publicado, é o quinto da nossa playlist. É a que ponto chegou, porque é uma coisa perigosa, uma péssima influência, porque a gente pensa em bonecos. Tudo bem que tem adulto que usa mais boneco, é mais direcionado a quem, a um público mais infantil, um público mais jovem, um pessoal ainda em processo de formação do caráter e tudo mais e fora a quantidade de crianças que falam que já assistiram, gente, pelo amor de Deus, isso daí é uma faixa etária para maior de idade ou pelo menos maior de 16. Enfim, são muitos problemas e dá para a gente pensar com relação a isso.
Pois é um absurdo. Eu vi até no site, a galera vendendo óculos do Jeff, o seu querido Jeff.
O óculos original?
Sim, o óculos original já estava um valor absurdo.
E se for original mesmo, tem uma galera que tapeia, olha tal peça é original e depois descobri que é uma farsa.
E a galera só comprando para usar mesmo. Então, voltando para o filme, o diretor dele preferiu manter a vida pessoal do Cullen um mistério. Porque ele queria apresentar os detalhes sobre ele que Ammy conhecia, uma visão de Ammy. Então o diretor ainda explicou que não queria que o público se identificasse com o Cullen ou ficasse muito fascinado por ele. E assim que ele tentou explorar o heroísmo da Ammy ao invés do Cullen. Levando a visão do filme dela e fazendo com que ela saísse superior a ele, ele fosse um canalha mesmo, que é pra ser assim.
Se deu certo? Não sabemos.
Considerando, eu acho que talvez não.
E a gente tem um trechinho aqui do depoimento dela, e eu vou ler para vocês, prestem atenção nessa fala que ela relatou. “Lutei com a culpa de sentir falta dele, lutei com a culpa de não ver que esse amigo também tinha um lado sombrio e monstruoso, e eu não queria ver… ’’ Quando ela fala “e eu não queria ver assim’’, vou falar pelo que eu interpreto. Eu acho que ela imaginava que ele fazia tudo isso, mas ele é meu amigo, eu acho que ele não faria esse tipo de coisa.
E, acho que ela também pode ter pensado na questão de traição que ela pode ter traído. Acho que essa culpa também, que ela fala, é com relação a isso, porque ela o colocou no presídio. Para quem não assistiu ao filme, tem um pedaço que mostra, já no final, como foi e foi com a escuta, então se não fosse Ammy eles nunca teriam prova contra o Cullen, mas ela fez o certo, tá?
Continuando, ela fala, ‘’eu queria acreditar que ele matava por misericórdia, para que eu ainda pudesse me importar com ele, mas ele não era um assassino que matava por pena. Ele era um assassino a sangue frio, e eu realmente me culpei por não ter visto isso. Eu literalmente arrisquei tudo para ter certeza de que seria preso. Eu me esforcei todos os dias, não importa o quão doente eu estivesse’’ ao vê-la, Jéssica Chastain no Filme, a atriz que seria responsável por interpretar a Ammy, “pôde me orgulhar dessa personagem, abriu espaço para eu dizer, eu fiz a coisa certa’’, então ela se viu naquela atriz fazendo a personagem dela como alguém que realmente fez a coisa certa e ela se orgulhou. Apesar dela ter perdido um amigo é assim como ela, viu Charlie, ela fez a coisa certa em tirar ele da sociedade, e não fazer novas vítimas e assim poupar a vida de outras pessoas.
E com a Ana Darla, a Ammy seguiu a sua vida após o Charles. Ela se tornou médica, fez outra graduação e ficou curada. Graças a Deus. Já o Charles, foi condenado a 18 sentenças de prisão perpétua consecutivas. Então, o cara, nunca vai sair da prisão porque são 18 prisões, e perpétuas. Ele admitiu seus crimes desde 2003 e cumpre essas penas. E no total foi condenado pelo assassinato em 40 pessoas. Só que como falei anteriormente para vocês, estima-se aí que foram 400 vítimas e ele não recebeu pena de morte porque tem aquele questionamento, se ele tem ou não algum problema de saúde mental. Então, fica aí o questionamento. Tem mais uma questão sobre a motivação dos crimes, ele nunca falou abertamente, então tem gente que crê que ele só matou por ruindade, digamos e outras pessoas creem que foi algum tipo de autopiedade, da parte dele de poupar o sofrimento dessas pessoas, só que isso não bate com alguns casos de pessoas que já estavam quase recuperadas, já estavam quase curadas, então não eram só com pacientes em cuidados paliativos, por exemplo. Então fica aí, essa história que a gente trouxe desse personagem complexo e da Ammy uma grande heroína e também uma excelente enfermeira e a gente recomenda que vocês assistam, porque é muito bom esse filme e não é tão longo.
É isso aí, galera, escutem o nosso podcast. Continuem acessando contêiner saúde.
É isso aí, galera. Espero que vocês gostem. Qualquer coisa. Manda lá uma mensagem para a gente. Alguma crítica ou sugestão, a gente tá aceitando.
Episódio: Charles Cullen: O anjo da morte.
Apresentação: Ana Darla, Karol e Viviane. Coordenação: Luiz Miguel Picelli Sanches
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